COMO SÃO OS MELHORES PASSEIOS NOS LENÇÓIS MARANHENSES

É no estado do Maranhão que se encontra o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, um dos lugares mais bonitos do Brasil, de paisagens únicas no mundo. O local parece um deserto, com dunas branquinhas a perder de vista. Parecem que não têm fim. Intercaladas com elas, estão lagoas de diferentes tamanhos e curvas, resultado de um trabalho de arte feito pela natureza, pois é a ação do vento que vai moldando o cenário. Por isso, as dunas e lagoas mudam de formato constantemente. As lagoas viram piscinas naturais de temperatura amena, proporcionando deliciosos banhos. São formadas pela água da chuva; portanto, é preciso chover muito durante o início do ano para que elas fiquem bem cheias na alta temporada, que geralmente é a partir de maio. É quando as lagoas estão cheias que aquele parque, que ocupa uma área um pouco maior do que a capital de São Paulo, fica ainda mais exuberante. Para deleite dos visitantes. Você pode explorar as belezas dos Lençóis Maranhenses partindo de Barreirinhas, Atins e Santo Amaro. Mas é o município de Barreirinhas a principal porta de entrada para os Lençóis Maranhenses, pois conta com mais infraestrutura, sendo, portanto, a base mais turística. 

As paisagens das dunas e das lagoas nos Lençóis Maranhenses são bem parecidas, por isso é bom não se distanciar muito de seu guia. E quem se aventura em caminhadas longas, por exemplo, de alguns dias a partir de Santo Amaro até Atins, deve ter um guia. Nesse caso, não falo por experiência própria, mas é o que a gente ouve durante os passeios nos Lençóis, nas conversas de guias e de viajantes. 


Se as paisagens são bem parecidas e como o Parque dos Lençóis Maranhenses é composto primordialmente por dunas e lagoas (são dunas livres e dunas entre lagoas), você pode estar se perguntando: "Então basta fazer um só passeio nos Grandes Lençóis para saber como são e ficar satisfeito?" A resposta pode ser sim, se você realmente não tiver mais de um dia na região... Os guias me disseram que há quem fique um dia somente; mal pude acreditar. Mas eu me sinto muito melhor lhe dizendo que "não". Apesar dos cenários serem semelhantes, a diferença é que aquelas lagoas não são quaisquer lagoas. Elas são lindas, algumas são quase uma escultura, têm água cristalina e amena, podem ter tom de verde, de azul, de dourado ou até de prateado, depende da incidência da luz. E é claro que não dá para ver as mais bonitas lagoas num único passeio porque o parque é gigante. Por isso é que as empresas de turismo oferecem diferentes passeios aos Lençóis. Então eu não voltaria para casa sem ficar, pelo menos, dois dias inteiros em Barreirinhas para fazer os melhores circuitos. Até porque, já que você está lá, aproveite! 


Então, idealmente, quantos dias reservar para os Lençóis Maranhenses?

O ideal, para quem não quer esticar com hospedagem em Atins e/ou Santo Amaro, é ficar quatro dias em Barreirinhas e fazer os principais passeios sem correria. Dá até para "espremê-los" em três dias para quem não faz questão de ter pausas para descanso. Por exemplo, tem gente que faz Lagoa Bonita e Lagoa Azul no mesmo dia, mas todo mundo diz que é bem cansativo. O passeio de boia-cross no Rio Formiga dá para conjugar com outro à tarde, assim como o circuito a Vassouras, Mandacaru e Caburé, deixando tudo bem combinado com a agência de turismo. Dá até para fazer um desses dois passeios na parte da manhã no seu último dia em Barreirinhas e pegar o transfer da tarde (às 16:30) para São Luís. Pelo menos, na alta temporada, as pousadas organizam transfers (van ou micro-ônibus) na parte da tarde também. Só não esqueça de avisar seu guia que você está de viagem para São Luís no mesmo dia, para que ele não se distraia com o horário durante o passeio da manhã.

Veja abaixo como ficou nosso roteiro de quatro dias em Barreirinhas. Eu achei que ele ficou ótimo, pois conseguimos fazer os passeios principais e ainda sobrou tempo para algum descanso em Barreirinhas. Só não fizemos o tour a Santo Amaro, que eu queria muito, mas não estava sendo oferecido. E também não fizemos questão de fazer nem o passeio de boia-cross nem o sobrevoo.

Nosso roteiro:

Dia 1: Partida de São Luís às 8:15 (embarque no hotel). Viagem em ônibus de turismo agendada por nossa pousada. Chegada na pousada em Barreirinhas por volta do meio-dia. / Circuito Lagoa Bonita às 14:00. Chegada à pousada por volta das 20:00. / Noite: Avenida Beira Rio (onde ficam os restaurantes, algumas lojinhas e um grande armazém de artesanato) .

Dia 2: Manhã: Descanso na pousada e uma volta pelo centro de Barreirinhas. Tarde: Circuito Lagoa Azul com partida às 14:00 e chegada à pousada por volta das 19:30. Noite: Avenida Beira Rio.  

Dia 3: Manhã: Circuito Vassouras-Mandacaru-Caburé, com partida às 08:30. Chegada à pousada por volta das 16:00. / Restante do tempo: aproveitando a pousada e a Avenida Beira Rio. 

Dia 4: Circuito Atins e Canto do Atins. Este é um passeio de dia inteiro, só dá para aproveitar o resto da noite em Barreirinhas.

Dia 5: Partida às 8:00 para São Luís em van de turismo contratado pela pousada. Neste dia eu poderia ter feito mais um passeio na parte da manhã, como o boia-cross, mas não me interessei. Daí eu teria que partir à tarde para São Luís. Se eu tivesse tido a oportunidade, teria feito passeio a Santo Amaro no Dia 3, e o passeio de Vassouras/Mandacaru/Caburé teria deixado para fazer na manhã deste último dia. Assim, eu aproveitaria muito bem meu tempo. Porém, não houve oferta de passeio a Santo Amaro.    

Como contratar seus passeios:

1) Entrando diretamente em contato com as agências de turismo em Barreirinhas (por internet ou pessoalmente), porém indico deixar passeios reservados com alguns dias de antecedência na alta temporada; 2) Diretamente com sua pousada. A maioria delas têm parceria com as agências de turismo e elas mesmas podem fazer as reservas e receber os pagamentos. Acho esta a maneira mais prática e foi o que fizemos. Ficamos hospedados na Pousada do Buriti, da qual gostamos muito. 

Tipos de passeios oferecidos: 

Os passeios ocorrem em grupos em Toyotas 4X4, estilo jardineiras, especialmente adaptadas para aquelas trilhas, com capacidade para 12 passageiros (mostro fotos abaixo). Há também a possibilidade de se contratar um serviço privado, ou seja, um carro somente para seu grupo, que pode vir a ser uma caminhonete Hilux com lugar para até 4 pessoas, mas nem todas as agências oferecem e também depende da disponibilidade do veículo, já que serviços privados não são muito procurados porque são bem mais caros - passeios assim costumam custar quase seis vezes mais do que aqueles em grupo. Porém, o valor pode ser dividido por até quatro pessoas, se for na caminhonete. Então, se você tiver mais três acompanhantes, a opção desse veículo em serviço privado pode valer a pena, principalmente para crianças e idosos, pois a Hilux é mais confortável, além de ser fechada, o que garante proteção contra os galhos das árvores que ficam batendo nas laterais do veículo nos acessos mais fechados das trilhas. Por curiosidade, perguntei a um guia se essas caminhonetes, por serem menores do que as Toyotas "jardineiras", não atolavam com mais facilidade, e ele me garantiu que não.  

Melhor época para visitar os Lençóis Maranhenses e alguns comentários: 

A melhor época é entre maio e final de agosto (tem gente que ainda considera setembro como boa possibilidade, mas em agosto as lagoas começam a esvaziar), quando as lagoas estão cheias. Mas sempre ouvi dizer que o melhor mês de todos para pegar as lagoas bem bonitas é julho. E foi justamente nesse mês que eu viajei e fui presenteada com lindas lagoas, bem cheias. Principalmente porque havia chovido muito meses antes. A época de chuva constante é geralmente entre fevereiro e maio. Daí eu acho melhor não arriscar ir em maio porque pode chover muito e alguns passeios podem ser cancelados por causa das grandes poças d'água (principalmente para Atins) e da lama (risco grande dos carros atolarem). Muitos viajantes preferem visitar os Lençóis em junho para aproveitar as boas festas juninas em São Luís, que é a "cidade de conexão" para Barreirinhas. Há festas julinas também, mas são poucas e nem tão animadas. Eu não viajaria aos Lençóis na época das lagoas secas, pois vi algumas fotos na internet de quando elas estão assim e a paisagem perde boa parte de sua beleza.  


Como chegar aos Lençóis Maranhenses:

A "cidade de conexão" mais usada para os Lençóis Maranhenses é São Luís, a capital do Maranhão. De São Luís, você precisa ir para o município de Barreirinhas, a 257 km de distância, o que dá cerca de 4 horas de ônibus turístico. Alguns turistas alugam carro, outros vão de ônibus (Viação Cisne Branco) ou em vans/ônibus de excursões contratados pelas agências de turismo. O nosso transfer foi agendado pela pousada onde nos hospedados em Barreirinhas (Pousada do Buriti), o que achei bem prático, e correu tudo bem. Várias pousadas em Barreirinhas fazem esse serviço (pago à parte) para seus hóspedes. Em Barreirinhas, você precisa contratar os passeios nas agências de turismo locais (ou através de sua pousada, como expliquei acima), pois somente veículos (Toyotas 4X4) credenciados pela ICMBio, com motoristas e guias também credenciados, podem fazer as trilhas até as dunas. As trilhas são muito rudimentares (têm lama, buracos, poças d'água, muita vegetação em acessos estreitos) e somente um motorista "treinado" pode encarar o trajeto, que, diga-se de passagem, parece um labirinto. Antes de se chegar a essas trilhas, o veículo precisa atravessar o Rio Preguiças em cima de uma balsa (mostro fotos mais abaixo).       



O que levar nos passeios aos Lençóis Maranhenses:

Por causa da alta incidência dos raios solares, é importante manter-se hidratado (mas na medida certa, não beba demais, porque não há banheiros públicos no local...). Lembre-se de que os Lençóis Maranhenses estão 2 graus abaixo da linha do Equador. Leve algumas garrafinhas de água mineral, protetor solar, chapéu ou boné (você não vai encontrar sombra nas dunas), óculos de sol, chinelos, roupas de banho. Os guias aconselham levar um pequeno lanche a quem acha que vai sentir fome, pois não há nenhum lugar nos Lençóis para comprar comida (apenas no final do passeio, há umas barraquinhas vendendo tapioca). Nós até levamos alguns biscoitinhos, mas não sentimos fome. Levar água é mais importante do que comida, principalmente se você já tiver feito uma refeição, mas coma pouco e algo leve se você costuma se enjoar em viagens de carro que chacoalham muito. Você pode deixar as bebidas dentro de uma caixa térmica com gelo que fica dentro do carro. Minha dica é que você já entre no carro com suas bebidas/comidas compradas para poupar tempo, principalmente porque os passeios já podem sair com algum atraso por causa de algum imprevisto. Mas os guias sempre perguntam quem quer parar no supermercado para comprar alguma coisa e, precisando, eles param com o veículo em frente ao mercado. Só não é permitido levar bebidas alcólicas para os Lençóis. É importante não levar muito peso, somente o necessário mesmo, porque você vai ter que levar o peso nas caminhadas. Acho interessante levar uma mochila pequena para carregar suas coisas (água, máquina fotográfica etc.).

Lembre-se de que não se pode sujar os Lençóis, então, se tiver lixo consigo, coloque-o num saco e traga-o de volta até achar uma lata de lixo. 


A mochila, além de ajudar a carregar os pertences (água, protetor solar etc.), deixa-os protegidos da água porque em alguns momentos é preciso atravessar lagoas com água que pode vir até a cintura.

Que tipo de roupa usar nos passeios dos Lençóis Maranhenses?


Essa era uma das minhas maiores dúvidas antes de ir, por incrível que pareça. É que como eu sabia que não haveria nenhuma sombra nos Lençóis Maranhenses e que faríamos longas caminhadas debaixo de um sol escaldante, imaginava que mesmo um bom protetor solar não seria o suficiente para proteger a minha pele. 

Eu queria ir com um top (ou o sutiã do biquine) e shorts (ou saia, ou canga), ou um maiô, como se eu estivesse indo para a praia, justamente por causa do calorão e pela facilidade de só ter de tirar os shorts (ou similar) para se jogar na lagoa. E foi exatamente o que eu fiz. Porém, por precaução, levei dentro da mochila uma blusa de manga comprida com proteção FPU50+, o que garante proteção de mais de 98% da radiação solar (são essas blusas que esportistas usam no sol). Mas nem cheguei a usá-la porque os dias não estavam tão quentes assim (Lagoa Bonita e Lagoa Azul, eu fiz no período da tarde), estavam até um pouco nublados, e achei que o protetor solar foi o suficiente. 

Entretanto, minha pele não é muito sensível ao sol. Para quem tem pele sensível, eu recomendo muito o uso dessa vestimenta, pois ela não esquenta o corpo e não deixa a pele queimar nem um pouquinho. Meu marido usou pela primeira vez e adorou. Se não fosse isso, ele teria ficado com a pele bem vermelha (mesmo usando protetor solar), pois ele tem uma certa alergia ao sol. Essa vestimenta foi perfeita para ele. Vale a pena comprá-la se sua pele for bem sensível ao sol. Se possível, compre uma que, além da proteção contra os raios solares, seja também quickdry (ou dry fit), pois você pode entrar nas lagoas com a blusa (a proteção contra o sol é permanente, dentro e fora d'água) porque a secagem é rápida. Essas blusas dispensam o uso de protetor solar; aliás, não se deve usar o protetor debaixo delas porque pode manchá-las. As blusas que compramos é da marca UV.LINE e aprovamos.     


À esquerda, veja que as mulheres estão usando roupas leves, o que é importante. É preciso ir com o biquine/maiô por baixo da roupa (para se banhar), pois não há lugar para se trocar. Muitas mulheres caminham pelas dunas somente com o top do biquine e shorts, mas quem tem a pele sensível deve colocar uma blusa por cima, pelo menos. Quanto aos homens, vi muitos andarem com um calção (shorts) e um T-shirt.  Veja que meu marido usou a tal blusa da UV.LINE. Ela é ótima porque, como ela seca rápido, dá para lavá-la na pousada na volta do passeio e, no dia seguinte, ela já está seca, pronta para ser usada novamente. Há também bonés com o mesmo tipo de proteção contra os raios solares e acho que são uma ótima aquisição.    

O transporte 4X4 e a travessia do Rio Preguiças:

O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses só pode ser visitado por veículos, condutores e guias credenciados de acordo com as normas da ICMBio. Por isso os veículos precisam estar com o adesivo com o número do credenciamento. Na maioria dos passeios a partir de Barreirinhas, o transporte é feito em Toyotas 4X4, especialmente adaptadas, estilo "jardineira", pois os passageiros vão na parte aberta do veículo. A partir da pousada, o carro faz um pequeno percurso até chegar ao ponto onde é feita a travessia dos veículos (e dos passageiros juntos) no Rio Preguiças, em cima de uma balsa. 

À esquerda, os passageiros esperam em fila a vez de entrarem na balsa junto com seus veículos das agências de turismo. Quando há muita movimentação, sempre rola uma espera de, pelo menos, 20 minutos.


Um veículo sendo transportado na balsa para a travessia do Rio Preguiças, que leva não mais de 10 minutos.


Os veículos sobem na balsa de ré, sem nenhum ocupante, somente o motorista, é claro. Os passageiros sobem na balsa fora dos carros, por isso precisam atravessar essa poça d'água, mas não é nada demais. Só é preciso um pouco de cuidado para os chinelos não saírem dos pés.   


As Toyotas têm uma cabine coberta, onde vai o motorista e pode ir um passageiro ao lado (uma pessoa idosa, por exemplo), e a parte descoberta.


As Toyotas precisam ser adaptadas e credenciadas porque não é qualquer veículo que consegue vencer os obstáculos das trilhas até os Grandes Lençóis Maranhenses. Veja como pode haver trechos com grandes poças d'água. Até essas Toyotas podem atolar. Mas os motoristas são muito experientes.


Veja como são os assentos das Toyotas que levam aos passeios nos Grandes Lençóis. Alguns outros veículos têm assentos mais novos e mais confortáveis. Podem ir até 4 pessoas em cada um desses bancos. Pensei que minha bunda fosse doer muito no final do passeio, mas até que não!  


A balsa da foto leva até quatro veículos, mas há outras maiores que levam até seis veículos por vez. Veja que todos os passageiros precisam ficar fora dos veículos na balsa.


Abaixo, falo resumidamente dos sete passeios mais famosos dos Lençóis Maranhenses. Realizei somente aqueles do 1 ao 4, e falei sobre cada um separadamente em postagens que indicarei adiante. Não deixe de clicar nos links dessas postagens, pois lá dou muito mais detalhes. 


1) Circuito Lagoa Bonita

Este foi o primeiro passeio que fiz nos Lençóis Maranhenses, logo no meu dia de chegada em Barreirinhas, e aconteceu meio no susto porque o que estava agendado era o tour à Lagoa Azul. Eu sabia que o passeio à Lagoa Bonita era mais cansativo, portanto eu não quis fazê-lo no primeiro dia, uma vez que eu teria acabado de chegar de uma viagem cansativa, de quatro horas de duração, a partir de São Luís. Então eu tinha deixado o circuito da Lagoa Bonita para o dia seguinte, quando eu acordaria mais tarde e mais cheia de energia. Mas vou lhe contar o que aconteceu...

 Ao entrar na Toyota que nos pegou na pousada (o veículo já chegou ocupado com alguns turistas que fariam o mesmo tour), perguntei à passageira ao meu lado se aquele carro iria para a Lagoa Azul e ela disse que sim. O motorista idem. Porém, quando ele parou na agência de turismo para pegar o nosso guia, perguntei mais uma vez se estávamos indo para a Lagoa Azul e eles me disseram que não, que era para a Lagoa Bonita. Olha só que confusão. Alguns passageiros no carro pensaram ser a Lagoa Azul; outros (a maioria) pensaram ser a Lagoa Bonita. Como não tínhamos feito nenhum passeio ainda e já estávamos dentro do carro mesmo, aceitamos ir. Até para não perdermos aquela tarde. Agora, imagina se eu já tivesse feito a Lagoa Bonita um dia antes e tivesse entrado no carro sem perguntar nada, crente que estava indo para outro destino, e descobrisse no meio do caminho que iríamos à Lagoa Bonita... Não iria ter mais volta... Iria fazer tudo de novo... Então, meu amigo e minha amiga: quando você entrar no veículo, confira sempre com o motorista ou o guia se aquele é mesmo o passeio que você está pensando ser. É difícil acontecer enganos, mas não é impossível, principalmente na alta temporada, quando há mais movimentação de turistas.   

Mas a verdade seja dita: o cenário do Circuito da Lagoa Bonita foi a melhor apresentação que eu poderia ter tido às belezas dos Lençóis Maranhenses. Se o primeiro "cartão de visita" tivesse sido o circuito da Lagoa Azul, o impacto de deslumbre que eu tive não teria sido o mesmo. Teria sido um pouco menor. As lagoas e dunas que os turistas veem no passeio à Lagoa Azul são lindas também, mas não são tão desertas quanto às do circuito da Lagoa Bonita, e isso faz muita diferença no visual. Pois todo aquele campo de dunas parece um deserto. E nada melhor do que ver aquele "deserto, deserto". Além do mais, tenho que confessar que tive um amor à primeira vista com a Lagoa do Clone (faz parte do tour à Lagoa Bonita), que recebeu este nome porque serviu de cenário para a novela da Globo O Clone.

Descrever o encontro de seus olhos com as lagoas e dunas no passeio da Lagoa Bonita só pode se reduzir mesmo à palavra "impacto", no seu melhor sentido. Afinal, assim que você acaba de "escalar" uma duna de 80 metros bem íngrime (uma corda fixada no local ajuda na subida), você é surpreendido pela presença deles, dos Lençóis, ali, esticados à sua frente, branquinhos, cobrindo toda aquela vastidão, como se fossem... grandes lençóis. Ouvi um turista do nosso grupo, que estava fazendo o tour da Lagoa Bonita, dizer ao guia que a primeira vez que ele esteve ali, ele chorou por duas vezes. A primeira foi da dor que ele sentiu nas pernas após o esforço físico da subida na tal duna (acho que aqui ele estava brincando) e a segunda foi quando ele, do topo daquela mesma duna, botou os olhos nos Lençóis Maranhenses (tenho certeza que aqui ele estava falando a verdade). Por isso é que eu digo que ver os Grandes Lençóis Maranhenses pela primeira vez é ser impactado.  

Devido ao esforço físico (considerado "médio") que o Circuito da Lagoa Bonita exige do visitante, não é aconselhável para idosos em geral, principalmente por causa da subida na duna de 80 metros. Mas, as condições físicas são muito mais importantes do que a idade. Por isso, há idosos que fazem esse passeio sim, e até com uma certa tranquilidade, mas dá para perceber que estão acostumados com atividade física. O importante é cada um ter consciência de suas limitações.
   
 O Circuito da Lagoa Bonita pode ser feito de mahã ou à tarde. Sinto que há uma preferência pelo turno da tarde porque o passeio termina com a contemplação do pôr do sol. 

Eu, que não queria me estender aqui, acabei falando muito, mas há bem mais detalhes sobre este passeio neste link aqui:

Como é o Circuito "Lagoa Bonita" nos Lençóis Maranhenses




Lagoa do Clone: uma das mais belas dos Grandes Lençóis Maranhenses. O visual é incrível! A visitação a esta lagoa faz parte do Circuito Lagoa Bonita.      


Os banhos nas lagoas (de água doce) são muito gostosos, pois a água chega a ser morninha. 


Pôr do sol na Lagoa Bonita - Grandes Lençóis Maranhenses



O pôr do sol nos Grandes Lençóis Maranhenses é um dos momentos mais esperados. Preciso dizer que é lindo?

2) Circuito Lagoa Azul

Este circuito é mais procurado do que o da Lagoa Bonita por ser menos cansativo porque a Lagoa Azul fica mais perto de Barreirinhas e porque não há nenhuma duna específica que exija um grau maior de esforço físico, como na Lagoa Bonita. Mas isso não quer dizer que não haja muitas dunas para subir e descer durante a caminhada durante o tour da Lagoa Azul. Como o Circuito Lagoa Azul tem mais visitantes, consequentemente eles aparecerão em muitas de suas fotos das paisagens, mas sempre dá para descolar um ângulo vazio de uma lagoa com menos pessoas. Pois, além da Lagoa Azul, no circuito são contempladas também outras lagoas às quais chegamos andando, como a Lagoa da Paz e a Lagoa da Preguiça, por exemplo. Em média, há paradas em seis lagoas, sendo duas delas usadas para banho de cerca de 30 a 40 minutos de duração. Apesar de ser um circuito com maior número de turistas, não deixe de fazê-lo, pois o visual é lindo. Há saídas de manhã e à tarde. O passeio da tarde sempre acaba com a contemplação do pôr do sol, que, no nosso caso, foi em frente à Lagoa da Preguiça.


Fiz uma postagem só falando do Circuito da Lagoa Azul. Então, para ver mais detalhes, clique no link abaixo:


Lagoa dos Toyoteiros - uma das mais bonitas que são vistas durante o Circuito Lagoa Azul. Veja como a lagoa está cheia de banhistas (até que neste ponto não aparecem muitos). Lagoas "mais solitárias" você encontra no Circutio da Lagoa Bonita e principalmente em Atins e em Santo Amaro.  


A "Lagoa sem sobrenome", que foi uma de nossas paradas no Circuito Lagoa Azul, também estava cheia de visitantes. 



Uma parte mais vazia da "Lagoa sem sobrenome".


As belas dunas que parecem formar um "deserto" são também a grande atração do Circuito Lagoa Azul. Aliás, os Grandes Lençóis Maranhenses são isso: uma vastidão de dunas repletas de lagoas. Muitas dessas dunas são intercaladas com lagoas.    


Não se supreenda se você encontrar a Lagoa Azul verde e não azul. As duas cores são lindas e a lagoa idem.


3) Circuito Vassouras, Mandacaru e Caburé

Este é um passeio bem interessante porque você visita três lugares com atrações diferentes e, como ele só ocupa a metade do seu dia, ainda dá para fazer algum outro tour à tarde ou aproveitar para descansar na pousada, curtindo a piscina, ou passear pelo centrinho de Barreirinhas. Entretanto, se alguma agência de turismo em Barreirinhas tivesse formado um grupo para passar um dia em Santo Amaro, eu facilmente teria trocado o passeio de Vassouras, Mandacaru e Caburé por esse. Por um simples motivo: eu fui para Barreirinhas exclusivamente para ver os Grandes Lençóis Maranhenses, então quanto mais eu visse, melhor 😊 Ainda mais que as lagoas de Santo Amaro são consideradas as mais belas (ou entre as mais belas) dos Lençóis Maranhenses, com dunas ainda maiores. E o melhor: paisagens desertas, pois poucos são os viajantes que se aventuram lá. 

No Circuito Vassouras, Mandacaru e Caburé, você pega uma lancha voadeira na Avenida Beira Rio (Barreirinhas) e navega, num passeio prazeroso, pelo Rio Preguiças por cerca de 45 minutos até chegar à comunidade de Vassouras, onde estão os Pequenos Lençóis. Bonitos, mas não se compararm aos Grandes Lençóis. Ali, outra atração é a Tenda dos Macacos, onde os macacos-prego podem "interagir" com você em troco de banana. Mas, se você tiver medo, não se aproxime muito deles com a tigela de banana na mão, pois eles pulam em cima de seu ombro, de sua cabeça ou de seu braço para pegar a comida. Eles não mordem, já estão acostumados com a presença dos turistas. E muitos turistas, por sua vez, adoram quando eles "estão com a macaca" rsrsrs Quero dizer, quando os macacos estão em cima deles, o que vira uma atração para fotos.

Depois de Vassouras, o passeio segue para Mandacaru. O principal objetivo da parada nesse vilarejo é o Farol Preguiças, cujo topo oferece vista panorâmica do mar, do rio e dos Lençóis. Apesar da vista ser bonita, Mandacaru foi a parte do passeio que eu achei menos interessante.

A terceira parada, que é na Praia de Caburé, é relax total, mas você pode se dar um pouco de emoção andando de quadriciclo, já que há vários disponíveis para aluguel na praia. O resto do tempo é ficar descansando na rede ou nas cadeiras que ficam na areia, esperando seu almoço ficar pronto, ou tomando um banho relaxante no mar da praia.

Conto os detalhes deste circuito na seguinte postagem:

           

Os macacos-prego ficam numa reserva florestal atrás do bar Tenda dos Macacos. Eles adoram comer e pular nos ombros dos turistas. Só é permitido dar frutas aos animais. 



Os macacos-prego estão por toda parte e se aproximam daqueles que estão com aquilo que mais lhe atraem: banana! Você pode comprar a fruta no bar, aqui ao lado. 


Aqui, ao invés de você ver os macacos pulando de galho em galho, você os verá pulando de ombro em ombro rsrsrsrs É que eles pulam mesmo em cima dos turistas para pegar a banana dentro da tigela. 



Ao lado da Tenda dos Macacos, o que lhe espera são as dunas e lagoas (havia duas lagoas aqui, só que uma bem menor do que esta) dos Pequenos Lençóis.  


A deserta Praia do Caburé é para você descansar e esquecer da vida. Ou andar de quadriciclo. Aliás, esta é a área onde circulam os quadriciclos.

4) Circuito Atins e Canto do Atins

O passeio de um dia a Atins e Canto do Atins não é um dos mais procurados em Barreirinhas porque muitos turistas já se hospedam em Atins visto que essa comunidade fica bem próxima ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, então dá para fazer caminhadas até as dunas, lagoas e praias. Mas o local tem pouca infraestrutura e isso pode ser uma desvantagem para aqueles que gostam de conforto e de algumas facilidades por perto, tais como farmácias, bancos e restaurantes, por exemplo. Para mim, esse passeio foi perfeito, mesmo Atins estando a cerca de duas horas de distância de carro de Barreirinhas. E eu nem achei cansativo porque a gente descansa quando chega nas lagoas. Aliás, não percebi ninguém do grupo muito cansado no final do passeio. Se eu tivesse tido mais dias de viagem, eu poderia até ter pensado em dormir duas noites em Atins para aproveitar ainda mais suas dunas e praias. Mas, sinceramente, vejo agora que eu não precisaria fazer isso porque a amostra que eu tive nesse passeio foi tão maravilhosa que eu acho que nem precisaria ver mais nada. A Lagoa Tropical e a Lagoa da Capivara são lindas, o banho nelas é delicioso, e o maior diferencial delas é que são praticamente desertas. Você se sente isolado do mundo no meio daquele "deserto branco" e o visual para as fotos fica incrível. A parada que tivemos nas praias é que foi curta, pois o foco do passeio a Atins é a contemplação das dunas e lagoas. Este foi o passeio que mais gostei de fazer nos Lençóis Maranhenses e recomendo fortemente. 

Dou todos os detalhes do circuito de Atins e Canto do Atins no link abaixo:

Atins e Canto do Atins: belas lagoas, dunas e praias nos Lençóis Maranhenses 

Lagoa Tropical - Lençóis Maranhenses


Nosso banho foi naquela lagoa ao fundo, que também faz parte da Lagoa Tropical. O guia é quem leva o grupo para as áreas de banho e é bom não sair pulando em qualquer lado da lagoa, pois há partes que são fundas. Sempre consulte seu guia primeiro.


O melhor banho de sol da minha vida! Mas aqui foi só pose para a foto rsrsrs - Lagoa Tropical - Lençóis Maranhenses


Veja como há poucas pessoas tomando banho na lagoa. Você se sente num paraíso quase só seu rsrsrs 


Lagoa Tropical - Circuito Atins - Lençóis Maranhenses




No Circuito de Atins, ainda dá tempo de descansar por meia hora na praia, seja na rede, na areia ou no mar. Pelo menos foi assim com nossa agência, pois não sei se todas seguem exatamente esse mesmo roteiro. 


Nos despedimos com a Lagoa da Capivara, que também é linda e enorme. Esta parte da lagoa, por exemplo, é funda. Mas havia outras menores onde nos jogamos.


Os passeios abaixo, nós não chegamos a fazer, mas são oferecidos em Barreirinhas e são muito famosos. Desses, só tivemos interesse no passeio a Santo Amaro, como já expliquei acima. Mas não se formou nenhum grupo para sair em excursão. Ficará para a próxima, quem sabe. 

5) Boia-Cross no Rio Formiga

Este é um passeio de meio dia, que cai bem no seu último dia em Barreirinhas, pois dá tempo de fazê-lo de manhã (costuma se iniciar às 8:30 e ter retorno às 13:00) e embarcar para São Luís à tarde. É uma alternativa para quem quer variar de paisagens, se bem que eu acho que admirar os Lençóis Maranhenses nunca cansa. Você vai de jardineira até a comunidade de Cardosa para fazer a flutuação em boia pelo Rio Formiga. E então é só se deixar levar pelas correntezas, que dizem ser mansas.

6) Passeio a Santo Amaro


Se antes de chegar a Barreirinhas, eu já estava mega empolgada para fazer o passeio de dia inteiro a Santo Amaro (porta de entrada oeste do Parque Nacional), acreditando que ainda se levava quase quatro horas para chegar lá, imagina quando o guia me contou que agora a estrada está bem melhor e que se chega lá com mais facilidade, em torno de duas horas. Aí então é que eu fiquei super animada, mas, infelizmente, não saem passeios para Santo Amaro todo dia, pois a procura não é muito grande. Muitos turistas também já se hospedam por lá, apesar de ser um local bem rústico (mas muitos gostam assim), com ruas de areia e pouca infraestrutura. A agência São Paulo Ecoturismo, por exemplo, que é a mais famosa de Barreirinhas (mas não cheguei a fazer nenhum passeio com eles), geralmente forma grupos para Santo Amaro, mas na época da minha visita, esse passeio com eles só aconteceria dois dias depois de eu já ter deixado a cidade. Um tour privativo sairia caro, R$600,00. Então deixei pra lá. Acredito que o passeio seja corrido, mas sempre ouvi dizer que as lagoas de Santo Amaro são muito bonitas. Mas sabe o que me disseram quatro guias de Barreirinhas? Que as lagoas que eu estava visitando (as dos circuitos que mencionei acima) estavam tão bonitas quanto as de Santo Amaro (tipo, "não ficavam devendo em nada") porque havia chovido muito naquele ano (eu fui em julho, na época das lagoas cheias). Então, eu até nem fiquei tão frustrada porque se eu já tinha conseguido ver as irmãs gêmeas, eu já estava feliz rsrsrs  Geralmente no passeio de dia inteiro a Santo Amaro, a partir de Barreirinhas, são visitadas a Lagoa da Andorinha e a Lagoa da Gaivota. 

7) Sobrevoo dos Lençóis Maranhenses


É só fazer uma pesquisa no Google para ver como são lindas as imagens dos Lençóis Maranhenses fotografadas do alto. Como os Lençóis ocupam um vasto território, nada como apreciá-los em sua plenitude, e isso é possível num passeio que eles oferecem a bordo de um avião monomotor. Como eu tenho medo até de aviões possantes (podem acreditar...), não fiz.



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Quer mais aventura que inclua os Lençóis Maranhenses? Já ouviu falar na Rota das Emoções? É um roteiro entre os estados do Maranhão (Lençóis Maranhenses), Piauí (Delta do Parnaíba) e Ceará (Parque Nacional de Jericoacoara). Essa viagem eu ainda não fiz, mas, se você fez, me conta aqui o que achou!


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ATINS E CANTO DO ATINS : BELAS LAGOAS, DUNAS E PRAIAS NOS LENÇÓIS MARANHENSES

Um dos melhores passeios que você pode fazer nos Lençóis Maranhenses a partir de Barreirinhas, daqueles do tipo bate-volta, é a Atins. Foi o passeio mais bonito e mais proveitoso que fiz nos Lençóis, apesar de eu ter gostado muito também do Circuito da Lagoa Bonita. Mas, para mim, o circuito de Atins saiu vencendo porque com ele você desfruta não somente das belas lagoas e dunas, mas também das praias. E o mais legal, tudo num cenário bem mais desértico. Como é mais demorado chegar a Atins e, portanto, mais cansativo, o destino não é o mais procurado. Leva-se cerca de duas horas a bordo de uma Toyota 4X4 (tipo jardineira) numa trilha de areia para se chegar aos primeiros atrativos. Como a estrada de areia é bem rudimentar, o carro saculeja bastante, mas não tanto quanto para a Lagoa Bonita. No caminho, você passa por trilhas bem estreitas no meio do mato, então os galhos das árvores saem batendo nas laterais do carro. Se você não tomar cuidado, pode se machucar, exatamente como eu disse acontecer no caminho para a Lagoa Bonita. Porém, para Atins, há bem menos desses "corredores", pois as trilhas são mais largas. Por outro lado, há mais poças d'água que a Toyota tem que atravessar, algumas fundas, então dá mais medo de atolar. Há épocas em que essas poças ficam tão fundas (a ponto de entrar água no veículo) que os passeios a Atins precisam ser cancelados. 

Mas todo o trajeto até Atins vale a pena, havendo obstáculos ou não. Nossa viagem foi tranquila, nada atrapalhou, mas nem por isso ela deixou de ser uma aventura. É verdade, fazer uma viagem daquelas, mesmo com tudo dando certo, é uma aventura! Não somente por causa da trilha rudimentar que o carro tem que fazer, mas também pela emoção de subir em algumas dunas dentro do veículo e pela recompensa de se estar em cenários tão distantes do comum. Dá para ter a sensação de que você está perdido num paraíso, ou que você é um dos poucos sortudos a estar ali. E, apesar de você se sentir tão pequeno no meio daquela vastidão de areias brancas e águas refrescantes, você se sente ao mesmo tempo como se estivesse sendo abraçado pela natureza. Um momento único. Um cenário único.   
     
Atins é um vilarejo bem simples e rústico, com ruas de areia e muito pouca infraestrutura. É um daqueles destinos para quem gosta de ficar isolado do mundo, mas é exatamente essa característica que tem atraído investidores na região com intenção de abrir pousadas e restaurantes, principalmente franceses, italianos e janoneses, segundo relato de nosso guia. Com isso, Atins está crescendo cada vez mais e muitos viajantes já optam por se hospedar no vilarejo como base para visitar os Lençóis Maranhenses, sendo este mais um motivo, além da distância, pelo qual o passeio de um dia a Atins, a partir de Barreirinhas, não ser um dos mais concorridos. 

Como eu adoro uma infraestrutura, fiquei surpresa quando ouvi o guia dar essa informação sobre a preferência de hospedagem em Atins por parte de muitos viajantes. Porém, é justamente a rusticidade e tranquilidade de Atins o seu grande atrativo, combinado, logicamente, com suas belezas naturais, que incluem praias, dunas e lagoas. Se, por um lado, há a falta de infraestrutura em Atins, por outro, há a vantagem da sua localização próxima às lagoas, dunas e praias, assim os turistas podem chegar até esses atrativos em caminhadas. Não precisam gastar dinheiro com passeios das agências de turismo e fazem seus roteiros com mais liberdade. Porém, deve haver trilhas que requeiram a ajuda de um guia, por isso é sempre prudente se informar na pousada antes de se aventurar. 

Enfim, para explorar os Lençóis Maranhenses, há aqueles que preferem ficar hospedados somente em Atins, outros dividem a estada entre Barreirinhas e Atins, e outros se instalam somente em Barreirinhas, a principal base turística. Eu fiquei com essa terceira alternativa e não me arrependo. Adorei o centrinho de Barreirinhas, que, apesar de pequeno e ainda um pouco limitado, tem mercados, farmácias, bancos, lojas e restaurantes. Gosto de ter as coisas perto de mim, caso eu necessite delas. Então, para mim, ter Barreirinhas como base e fazer os passeios de dia inteiro (ou meio dia) foi perfeito. Entretanto, se eu tivesse tido mais tempo nessa viagem, eu teria ficado duas noites também em Santo Amaro (rústica também), pois dizem que as lagoas de lá são as mais bonitas de todas. Com as quatro noites que fiquei em Barreirinhas, teria sido possível fazer um passeio de dia inteiro a Santo Amaro, o que já seria um ótimo aperitivo. Mas, como a região fica distante, não saiu nenhum passeio em grupo para lá durante minha estada em Barreirinhas.

As agências chegam a organizar passeios para Santo Amaro, dependendo da procura, mas pode haver uma semana que não haja nenhum tour para lá. Eu poderia ter contratado um serviço privativo, mas teria sido bem mais caro, por isso, eu quis deixar Santo Amaro para uma outra vez. Fiquei um pouco frustrada... Mas, quer saber? Depois que os guias me disseram que as lagoas de Atins estavam tão bonitas quanto as de Santo Amaro, eu me dei por muito satisfeita. Afinal, o que eu mais vi nessa viagem foram as lagoas dos Lençóis Maranhenses, lindas e cheias (fui em julho), então eu voltei para casa muito satisfeita.

A primeira parada no nosso Circuito de Atins foi na Lagoa Tropical. Para chegarmos a ela, precisamos fazer uma pequena caminhada (o carro nos deixa o mais próximo possível das lagoas porque o veículo não pode subir em todas as dunas, por isso uma caminhada sempre é necessária) e atravessar uma lagoa com água que batia na nossa cintura. Mas foi muito tranquilo. Só tivemos que tomar cuidado com os nossos pertences para não molhá-los. Na Lagoa Tropical, fizemos uma parada de 40 minutos para contemplação e banho. Vista linda; banho delicioso. A segunda parada, de 30 minutos, aconteceu na Praia da Foz de Atins, onde tomamos banho de mar, descansamos um pouco na rede em frente a um bar, onde tomamos água de coco bem geladinha e refrescante. A terceira parada foi para almoço no Restaurante do Sr. Antonio, no Canto do Atins. O restaurante faz sucesso por causa dos seus camarões grelhados graúdos, os mesmos preparados pelo restaurante da Luzia, que foi quem começou com a fama da iguaria. Os dois restaurantes ficam próximos. 

Perto do restaurante do Antonio fica a Praia do Atins, onde foi a nossa quarta parada. Foi breve, mas deu para admirar a vastidão daquela praia que se apresentava como um deserto, mas com o mar ao fundo e muitas aves pousando na areia e voando à beira-mar. Finalizamos o circuito tomando banho na Lagoa da Capivara, tão bonita quanto à Lagoa Tropical. Esta quinta parada foi de aproximadamente 50 minutos, tempo que foi muito bem aproveitado para também nos aventurarmos descendo a duna bem íngrime que levava direto à agua da lagoa. O desafio era conseguir descer sem pagar mico, isto é, sem cair. Para subir, o desafio era ainda maior e, por isso, mais divertido. Nosso horário de retorno foi aproximadamente às 16:00. Foi o passeio mais completo que fizemos nos Lençóis Maranhenses. Mais do que recomendado!



OBS: Se quiser ver as fotos ampliadas, é só clicar em cima delas.

Esta é a Lagoa Tropical, uma das mais bonitas do Circuito de Atins. As lagoas dessa região recebem menos visitantes, por isso as fotos dão a impressão de que só você estava naquele paraíso. Nesta hora, por exemplo, só havia nosso grupo de turistas aqui (se eu não me engano, éramos dez), e como as lagoas e as dunas ocupam um espaço muito amplo, dá para tirar fotos em trechos totalmente desertos, como neste aqui. É só se dispersar um pouco do grupo e escolher o seu "pedaço". 

A foto acima foi só para dar uma amostra do que você verá no Circuito de Atins e Canto do Atins, pois o que eu quero mesmo é "começar do começo". Então, a partir de agora, vou narrar como foi esse nosso passeio em todas as suas sequências. E a partida foi com o embarque dos turistas na Toyota 4X4 a partir de suas pousadas, e de lá seguimos no veículo, juntamente com o guia de turismo, pela estrada que nos levaria até o trecho do Rio Preguiças onde é feita a travessia dos carros, como mostro nas fotos abaixo.  


Na estrada que leva ao ponto da travessia do Rio Preguiças, o guia nos mostra uma das palmeiras típicas da região do Nordeste, a carnaúba, também popularmente chamada da "Árvore da Vida". Por aqui, vemos muitas delas. A palha dessa palmeira é muito utilizada para produzir artesanato, como cestas, chapéus e bolsas. A carnaúba também é muito usada para a produção de cera (cera de carnaúba), extraída de suas folhas.


Esta é a Toyota 4X4 que nos levou no Circuito de Atins. O veículo é adaptado para poder andar bem pelas trilhas de areia, vencendo buracos e grandes poças d'água. Os turistas vão sentados nessa parte aberta do veículo (pois ele é tipo uma jardineira) e só aqueles que se sentam nas extremidades é que precisam tomar cuidado para não machucarem seus rostos e braços com a vegetação que passa rente ao carro nos caminhos mais estreitos. Eu achava que ficar sentada nesse veículo seria muito desconfortável, mas até que não foi. O desconfortável é a trepidação em várias partes da estrada, mas isso não dá para evitar. Se houver um passageiro idoso, esse pode ir na parte da frente, ao lado do motorista, que é coberta, então é mais seguro e confortável. Neste nosso passeio, por exemplo, havia um idoso (mas que tinha boas condições físicas) que foi o tempo todo da viagem nessa parte fechada. 


Os veículos entram na balsa (esta da foto) para fazer a travessia do Rio Preguiças e todos os passageiros vão juntos, mas do lado de fora dos carros. A travessia é rápida, de cerca de 10 minutos. O que pode demorar é a sua vez de entrar na balsa, pois dependendo do dia, há filas. Tivemos sorte neste dia (uma terça-feira), que, apesar de ser de alta temporada, não precisamos esperar para entrar na balsa. 


Dentro da balsa, os passageiros vão juntos com seus veículos contratados para os passeios de turismo. A travessia do Rio Preguiças é bem tranquila.

Depois da travessia do rio, a viagem do Circuito de Atins é toda feita dentro da Toyota em trilha de areia, no meio do mato. Levamos quase duas horas para chegarmos à nossa primira parada.


Esta é uma amostra de uma das partes da estrada de areia que leva a Atins. Aqui até há uma placa indicando a direção, mas há trechos sem sinalização nenhuma e achei incrível como os motoristas das agências de turismo não se perdem no meio do mato. Mas, conforme disse o guia que nos levou à Lagoa Azul, eles já têm um GPS da região na cabeça. 😃


Um dos trechos de estrada com poça d'água no caminho para Atins. Mas a valente Toyota passou sem dificuldades. Se for muito funda, não passa. Por isso, em condições assim, não há passeios para Atins.


São nestas passagens mais estreitas da estrada que as folhagens batem nas laterais abertas do carro e podem machucar quem estiver do lado delas. Este motorista até foi mais cauteloso, dirigindo com menos velocidade aqui. Já quando fomos para a Lagoa Bonita, o motorista não desacelerou; entretanto, acho que não dá para andar muito devagar para o carro não atolar. Quanto mais rápido o carro anda, maior é a "açoitada" das folhagens. Mas não se preocupe! É só você, nesses momentos, se inclinar para dentro do veículo para as folhagens não lhe atingirem. Meu marido foi um dos que sentaram na extremidade do veículo e não se machucou em nenhum momento porque tomou os devidos cuidados. Os desatentos, porém, podem se machucar. 😱



Aqui a ponte facilitou a passagem da Toyota. A estrada para Atins é assim, sempre rudimentar.


E com muita terra no caminho, que pode se tornar num verdadeiro lamaceiro, se chover.


No caminho para Atins, há trechos de terra com alta capacidade de fazer o carro atolar, mesmo sendo a poderosa e turbinada Toyota 4X4. Aqui, por exemplo, nosso motorista precisou sair do veículo para ver e sentir de perto as condições desta passagem e a profundidade da água. 


É cada poça d'água que a gente pensa que a Toyota não vai conseguir passar, mas esta passou! Os motoristas são muito experientes e precisam ser muito bons. 


A melhor parte da "estrada" é quando a Toyota anda por cima das dunas, aí o "asfalto" é bem mais macio. E emocionante, quando há descidas e subidas. Chega até a dar um friozinho na barriga, como se estivéssemos numa montanha-russa. Mas fique tranquilo porque as dunas que o carro percorre aqui não são radicais (bem diferentes daquelas de Natal, por exemplo).


E, então, depois de atravessarmos a pé aquela tal lagoa com água que vem até a cintura (falei dela acima), chegamos ao cenário deslumbrante dos Lençóis Maranhenses. Esta é a Lagoa Tropical.


A Lagoa Tropical é bem grande e dividida em partes por causa do movimento das areias que acaba fazendo esses recortes no cenário. 


Lagoa Tropical - Lençóis Maranhenses



O "desenho" das lagoas dos Lençóis Maranhenses vai mudando de acordo com o vento que move as areias, então elas nunca vão estar exatamente do mesmo jeito a cada ano. Mas os recortes são sempre muito interessantes.



Este foi o nosso pequeno grupo de turismo do Circuito de Atins. Repare que neste momento, só há nós. O guia está junto, pois ele sempre acompanha o grupo. Procure ir a Atins nos dias menos concorridos (fora dos finais de semana). Nós fomos numa terça-feira e tivemos a Lagoa Tropical somente para a gente durante o horário de nossa visita. Mas, fique atento, porque ouvi dizer que nem toda agência de turismo traz o turista até aqui (porque é longe, dá trabalho para chegar...).


Lagoa Tropical - Lençóis Maranhenses 


E, como já falei acima, a Lagoa Tropical é bem mais deserta do que as dos Circuitos da Lagoa Bonita e da Lagoa Azul. Então é uma emoção e tanto se ver dentro de um cenário assim, você se sentindo "dono" daquele paraíso. As fotos não conseguem mostrar a dimensão do lugar, mas parece um deserto. 


E foi neste pedaço da Lagoa Tropical (ao fundo) onde tomamos banho. A água é bem gostosa, nada fria, mas, ao mesmo tempo, bem refrescante.


Lagoa Tropical - Lençóis Maranhenses



E eis que o telefone celular toca em plena duna dos Lençóis Maranhenses, no meio daquele "deserto". Ficamos surpresos. E a ligação funcionou muito bem! Mas não é em toda área dos Lençóis que o celular funciona.


Lagoa Tropical - Lençóis Maranhenses 


Lagoa Tropical - Lençóis Maranhenses


O banho na Lagoa Tropical - Lençóis Maranhenses 


Lagoa Tropical - Lençóis Maranhenses 


Depois da Lagoa Tropical, embarcamos novamente na Toyota e seguimos para a foz. A maré aqui neste momento já estava baixando.


Praia da Foz de Atins






Fizemos uma parada de cerca de trinta minutos na Praia da Foz de Atins, em frente a este bar onde tomamos água de coco.



E aproveitei para descansar um pouco na rede, de frente para o mar...



...que, é claro, foi um convite para um banho.


Depois seguimos para nosso almoço, passando por estradas com muito mato e animais.




E, então, chegamos ao Restaurante do Sr. Antonio, famoso pelos camarões graúdos grelhados, admirados por todos. Muitos dizem que são os melhores que já comeram na vida. Na verdade, a fama desses camarões começou com o Restaurante da Luzia, que fica perto do Restaurante do Sr. Antonio (dizem que ao lado, mas eu não vi). Dizem que a receita dos tais camarões é da cunhada da Luzia, que agora trabalha para o Antonio (o Antonio e a Luzia são irmãos). Bem, deu para sentir que roulou um desentendimento entre as partes. Mesmo o restaurante do Antonio fazendo sucesso no Canto do Atins, parece que os camarões da Luzia ainda detêm a maior fama. Mas os camarões são preparados da mesma maneira, é o que dizem. O nosso grupo preferiu ir ao restaurante do Antonio porque o que se comenta é que o restaurante dele é mais espaçoso, aconchegante, e que ele é bem mais simpático. Se é verdade ou não, não sei. Precisaria voltar para experimentar o restaurante da Luzia e ver se os comentários são injustos ou não.  


O Restaurante do Sr. Antonio fica no Canto do Atins, região que fica entre o mar e as grandes dunas dos Lençóis Maranhenses.


O Restaurante do Sr. Antonio é uma graça. Oferece redes para o descanso em várias partes do local.


Interior do Restaurante do Sr. Antonio. Tem uma parte que vende artesanato com itens bem interessantes. Comprei aqui um chapéu colorido bem bonito, feito com a palha da palmeira do buriti, material muito usado no artesanato no Maranhão.


Restaurante do Sr. Antonio - local onde fizemos a parada para almoço no Circuito de Atins.


Os camarões do restaurante do Antonio são enormes e abertos ao meio, grelhados na brasa. Dizem que os da Luzia também são assim. Os camarões são gostosos, sem dúvida, e foram os maiores que já vi na vida. Só não vou dizer que foram os melhores que comemos na vida porque preferimos preparados de outra forma, menos secos. É só uma questão de gosto. Esta é a meia porção dos camarões, que é suficiente para duas pessoas. Acho a melhor opção comprar meia porção de cada prato, se não sobra muito. A outra meia porção que compramos foi de peixe (foto abaixo).  


Eu gostei muito do peixe grelhado (até mais do que dos camarões rsrsrsrs). Já o feijão, que veio como acompanhamento junto com o arroz, achamos bem fraquinho.


Depois do almoço, rumo à Praia do Atins!





É como eu falei no início, a Praia do Atins é como se também fosse um deserto com mar. 


A parada na Praia do Atins foi somente para fotos, mas valeu muito a pena porque o visual é lindo. 


Praia do Atins e nosso veículo da agência de turismo que nos levou, a Vale dos Lençóis. Recomendo!


Se quiser vir a uma praia deserta durante sua viagem aos Lençóis Maranhenses, não deixe de conhecer a Praia do Atins. 


Embarcamos no carro novamente e fomos à nossa quinta e última parada, a Lagoa da Capivara. 


Na Lagoa da Capivara, tivemos tempo de relaxar bastante e tomar banho.  



A Lagoa da Capivara é bem extensa e tem níveis de profundidade diferentes. Antes de se jogar na lagoa, é prudente saber primeiro com seu guia qual parte está com uma profundidade legal para tomar um banho tranquilo, principalmente quem não sabe nadar. A parte à minha frente, por exemplo, estava rasa, assim como o trecho ao fundo, onde vemos os banhistas. Porém, além daquele ponto, a profundidade "passava da cabeça da gente", como me disse um garoto simpático, morador de Atins, que estava ali se distraindo pegando os peixinhos da lagoa e colocando-os dentro de uma garrafa de plástico com água, para depois libertá-los de volta ao lago. 


As dunas que cercam a Lagoa da Capivara são bem extensas. Eu não parava de pensar como este lugar parecia um deserto de areia. Sabemos que não é, mas é sempre a impressão que a gente tem. Nesta foto, estou entre duas extensas lagoas, aquela que mostrei acima, e esta outra, que fica em frente. Se eu não me engano, as duas são a mesma: a Lagoa da Capivara. 


Encontro uma única presença dentro daquela lagoa solitária. Um cão, que se refrescava ali tão serenamente. Era do garoto do qual falei acima, que me disse levar duas horas andando para chegar em casa a partir daqui, na companhia de seu cão. 


Lagoa da Capivara - Lençóis Maranhenses


Lagoa da Capivara - Lençóis Maranhenses


Lagoa da Capivara - Lençóis Maranhenses


 Aqui era a parte mais funda da Lagoa da Capivara.


Lagoa da Capivara - Lençóis Maranhenses


Lagoa da Capivara - Lençóis Maranhenses


A Lagoa da Capivara fica entre dunas bem íngrimes. Na foto, não dá para notar, mas elas são bem "verticais". Foi uma diversão, ou melhor, uma aventura, descer a duna para "cair no banho". Não literalmente, é claro rsrsrs Olhando a inclinação da duna, dá medo de descer, mas até que não foi difícil. Depois, o interessante é subir pela mesma duna, o que exige mais esforço. Nessa hora, fica todo mundo te olhando na expectativa de ver você cair rsrsrs 

Na volta para Barreirinhas, seu veículo irá fazer de novo a travessia do Rio Preguiças. Nesse momento, todos os passageiros saem dos veículos e esperam a vez de entrar na balsa. Enquanto isso, você pode comprar tapiocas nas barraquinhas que ficam ao lado do ponto da travessia. Dependendo do dia, o local fica bem movimentado, pois a espera para entrar na balsa pode chegar até meia-hora. Então, para quem gosta de tapioca, a hora de comer uma é bem oportuna.

Não deixe de conhecer as lagoas de Atins, com certeza estão entre as mais bonitas dos Lençóis Maranhenses!


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