O QUE VER NO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO, A CIDADE DOS AZULEJOS

Centro Histórico de São Luís do Maranhão: Patrimônio Cultural da Humanidade. Não há melhor maneira de começar a descrever esse lugar, anunciando de cara todo o seu valor. Agora vamos saber qual a razão que lhe fez valer esse título. O traçado urbano do Centro Histórico é autêntico, o que quer dizer que nunca foi alterado. Essa característica peculiar foi o que mais pesou na decisão da UNESCO. São mais de 3.500 prédios tombados. O conjunto arquitetônico de origem portuguesa foi construído em cima desse traçado. Um traçado espanhol, porém feito por um engenheiro português. São casarões com fachadas azulejadas que formam um conjunto homogênio, outra singularidade dessa região que pesou para o mérito do título, que é muito difícil de se conseguir. Os azulejos eram usados para diminuir o calor interno. Por causa do casario colonial azulejado do centro histórico, São Luís é chamada de "Cidade dos Azulejos". Mas esse é só um de seus apelidos.


Apesar do conjunto arquitetônico do centro histórico ser de extremo valor histórico e de beleza peculiar, ele não está conservado. Há vários sinais de desgaste e abandono, mas confesso que eu esperava ver um quadro até pior do que eu encontrei. Acho que já andaram fazendo algumas melhorias nas ruas mais turísticas, aquelas mais próximas da Rua Portugal. As fachadas de algumas (poucas) casas estão até razoavelmente bem cuidadas, mas, conforme você vai se afastando do núcleo mais movimentado do Centro Histórico, você vai se deparando com ruas mais desertas e perigosas, e casas mais estragadas. 

O mau estado de conservação é a crítica de todos que visitam o Centro Histórico de São Luís. Fico imaginando o quanto a cidade lucraria com o turismo se aquele Patrimônio Mundial fosse tratado à altura desse título. Muito mais viajantes iriam a São Luís por causa de São Luís, e não somente porque é cidade de passagem para os Lençóis Maranhenses. Há muitos que saem direto do aeroporto para os Lençóis, deixando para trás todo um patrimônio. Entretanto, a decadência do Centro Histórico de São Luís não parece ser um problema de fácil solução porque nem tudo depende do Poder Público, já que a maior parte dos imóveis daquele conjunto arquitetônico é de iniciativa privada. Muitos imóveis são abandonados por seus donos, o que dificulta o trabalho de preservação.   

Mas, sendo bem sincera, todo esse lado negativo do centro histórico não me impediu de admirar a sua beleza, que, apesar de tudo, ainda se faz presente. Eu adorei circular por ele e me encantei com quase tudo que vi. O Palácio dos Leões é a construção mais imponente da região, porém gostei bem mais do casario colonial da Rua Portugal e adjacências. Por ali, vários casarões funcionam como museus, então dá vontade de entrar em cada um deles. 



Manifestações Culturais Expressivas do Maranhão:

- Bumba-meu-boi: É a principal festa popular e o São João do Maranhão.  No mês de junho, São Luís é a maior festa com os arraiais. Em julho, ainda dá para pegar algumas festas/apresentações do Bumba-meu-boi em São Luís. É só ficar ligado na programação cultural.   

- Tambor de Crioula: É uma dança (ou "brincadeira", como eles costuman chamar)  de origem africana. Geralmente há apresentações do Tambor de Crioula nas noites de sexta-feira na Praça Nauro Machado, no Centro Histórico. 

Sobre a segurança no Centro Histórico de São Luís:


Evite andar nas ruas nos dias e horários em que a maior parte dos museus esteja com as portas fechadas porque as ruas ficam mais desertas. Nas ruas mais próximas da Rua Portugal, que são as mais turísticas, o policiamento é satisfatório (bem, pelo menos, quando eu visitei o local, vi policiamento e me senti segura). Também não é preocupante a área do Palácio dos Leões, mas, dependendo do horário, chegar lá a pé pode ser arriscado, porque algumas ruas no caminho ficam desertas. Caminhar até a Igreja do Desterro é ainda mais perigoso, melhor pegar um táxi até lá. Segundo os locais com quem conversei, a culpa da falta de segurança é dos "viciados em crack" e a região tem várias bocas de fumo. E quanto à segurança nas noites de sexta-feira no Centro Histórico? Bem, quando eu fui, havia apresentações de Bumba-meu-boi e Tambor de Crioula. O centro estava lotado, mas muito bem policiado nas ruas principais. Senti-me segura, mas é preciso tomar cuidado com os pertences por causa da aglomeração de pessoas. 

Restaurantes no Centro Histórico: 

O mais recomendado é o Cafofinho da Tia Dica. Eu até já sabia da fama desse restaurante (que, apesar de bom, é simples), mas, mesmo assim, fui pedir uma sugestão numa cabine de Atendimento ao Turista, pois poderia haver alguma novidade no pedaço, né? Entretanto, foi o Cafofinho da Tia Dica que me indicaram. Também há o Restaurante Escola Senac, com boas avaliações no Tripadvisor. 

Para tomar um café ou fazer um lanche no Centro Histórico:

Indico o Buriteco Café, que fica em frente à Casa de Nhozinho.


Como começar seu passeio pelo Centro Histórico de São Luís: 

A maneira mais comum é iniciar pela Rua Portugal (é a principal de interesse turístico por causa do belo casario colonial português) e escolher o primeiro museu da visitação. Ali está a Casa de Nhozinho e bem perto está a Casa do Maranhão.

Melhor época para visitar São Luís:

Na alta temporada de visitação dos Lençóis Maranhenses, de preferência junho e julho. Além de você ter a oportunidade de pegar as lagoas cheias e lindas dos Lençóis, a cidade de São Luís está mais animada com a presença de muitos turistas (o Centro Histórico fica mais policiado), há as festas juninas e julinas. Mas se você gosta muito de arraiais, vá em junho. 


Além do Centro Histórico, o que tem para ver em São Luís?

As praias. Merecem sua visita também. E bem próximos da cidade ficam os municípios de Alcântara, Raposa e São José do Ribamar. Quem vai a São Luís geralmente dedica um dia ao Centro Histórico e um dia a Alcântara, que é bem interessante por conta de suas ruínas. 

Quanto tempo para visitar São Luís?

Eu preferi dedicar todo o meu tempo visitando somente São Luís, quero dizer, deixando de fora Alcântara, Raposa e São José do Ribamar. Não que eu não quisesse visitar esses lugares também, mas meu tempo de viagem foi curto e meu pensamento foi: "Já que estarei em São Luís", aproveitarei tudo de bom que São Luís tem para me oferecer, que, com certeza, não é só o seu Centro Histórico." Nossa estada em São Luís foi dividida em duas partes por causa do deslocamento para os Lençóis Maranhenses. Digamos que, juntando tudo, foram três dias inteiros. Se valeu a pena? Claro que sim! Mas dois dias inteiros são suficientes para conhecer o essencial turístico de São Luís, deixando um dia para o Centro Histórico e outro para um city tour.

Quanto tempo para visitar o Centro Histórico de São Luís?

Depende. O principal núcleo turístico está no entorno da Rua Portugal. Se você for somente apreciar as fachadas do casario colonial dali, uma hora já dá conta. Mas, se quiser andar até o Palácio dos Leões, por exemplo, já vai precisar de mais um tempo. Não se esqueça de que o local é cheio de museus, então, querendo fazer visitações internas, acrescente mais tempo. Melhor pesquisar antes e já ir com a relação dos museus anotada porque não dá tempo de visitar tudo num dia. Os museus têm horários restritos. Se você só tiver tempo de visitar um museu, eu indico a Casa do Maranhão. Em resumo, dá para aproveitar bastante num dia de visitação, se você chegar cedo. Nós fomos ao Centro Histórico três vezes. A primeira foi à noite para ver as manifestações culturais do Bumba-meu-boi e do Tambor de Crioula, a segunda para apreciar de dia o conjunto arquitetônico e entrar em alguns museus, e a terceira foi para visitar os museus que ficaram faltando.   


Resumo das principais atrações no Centro Histórico:

- Rua Portugal, Rua da Estrela, Rua do Giz (e as demais do entorno)

- Casa das Tulhas

- Palácio dos Leões

- Convento das Mercês

- Teatro Arthur Azevedo

- Igreja de Nossa Senhora do Desterro

- Igreja de Nossa Senhora do Carmo

- Beco Catarina Mina

- Fonte do Ribeirão

- Os museus (Casa do Maranhão; Casa de Nhozinho; Museu de Artes Visuais; Museu de Arte Sacra; Casa da Festa; Museu Histórico e Artístico do Maranhão... Há outros!)


Abaixo, descrição detalhada de nosso roteiro no Centro Histórico de São Luís e das atrações.  


Dia 1:

Pontos visitados: Centro de Creatividade Odylo Costa Filho, Rua da Feira Praia Grande, Rua da Estrela, Rua Portugal, Praça Nauro Machado, CEPRAMA  

Chegamos a São Luís numa sexta-feira em meados de julho. Ou seja, o melhor das festas juninas já havia acontecido no mês anterior, mas ainda podia haver algumas festas nem que fossem só mesmo para turista ver. A sexta-feira era um ótimo dia para ver o que de melhor a noite de São Luís reservava para turistas e locais. Por isso, uma das primeiras coisas que fiz no aeroporto de São Luís, logo após o desembarque, foi ter perguntado ao funcionário do balcão de turismo (há um dentro do aeroporto) o que aquela noite me ofereceria de manifestações culturais em ritmo de festa. Então, ele me respondeu que haveria uma apresentação do Bumba-meu-boi e outra do Tambor de Crioula no Centro Histórico. Uma outra sugestão foi o CEPRAMA, um espaço grande com palco onde aconteceriam shows de música e de danças folclóricas. E tudo de graça! Adivinhe qual dos eventos eu fui conferir. Todos! Se eu gostei ou não, vou lhe contar melhor nas legendas abaixo!

Por causa do horário de nosso voo, neste primeiro dia só conseguimos aproveitar a noite da cidade. Pegamos um táxi e fomos direto para o Centro Histórico de São Luís. Os carros não podem entrar naquelas ruas do "miolo principal" do centro histórico, então o taxista nos deixou em frente a esta rua que, se eu não me engano, chama-se Rua da Feira Praia Grande. Pelo nome da rua, a gente entende por que há tantas barraquinhas (vendem comidas e bebidas) e lojas (vendem roupas, souvenirs, produtos alimentícios etc.) pelas calçadas. É um bom lugar para você começar suas andanças pelo Centro Histórico.   


E seguindo na mesma rua da foto acima, vimos o Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, que é um centro de arte e cultura. Aqui também são realizados cursos de férias com trabalhos expostos pelos alunos, há exposições de pinturas e apresentações teatrais, enfim, diversas atividades artísticas que seguem uma agenda cultural. Este espaço não estava no nosso roteiro, e acredito que não seja uma das top attractions do Centro Histórico, mas, como ainda estava aberto (já era noite) e no meio do nosso caminho, entramos. Vimos muitas pinturas. Não ficamos muito tempo ali, ainda mais com uma noite festiva que nos chamava do lado de fora!


Parte das exposições do Centro de Creatividade Odylo Costa Filho.


Então, partimos pelas ruas estreitas de paralelepípedos e de casarões antigos, que são a marca do Centro Histórico de São Luís, em direção à praça onde aconteceria a apresentação do Bumba-meu-boi. Veja que as ruas ainda estavam enfeitadas para as festas "julinas".


Estou em frente a uma das lojinhas de artesanato e souvenirs da Rua da Estrela. O Bumba-meu-boi é um símbolo forte do Maranhão, então, além de você encontrá-lo em miniaturas em quantidades gigantes nas lojinhas, você também pode se deparar com ele em tamanho real. Mais adiante vou mostrar exemplos do que as lojinhas de souvenirs do Centro Histórico de São Luís costumam vender bastante.

Olha só o clima de festa julina no Centro Histórico de São Luís. A Rua Portugal e a Rua da Estrela (esta da foto) ficam bem cheias às sextas-feiras à noite, ainda mais quando há apresentações folclóricas, como do Bumba-meu-boi. A propósito, é para o local onde está acontecendo o "show" do Bumba-meu-boi que estamos indo neste momento.  Na Rua da Estrela, que é uma das principais do Centro Histórico de São Luís, há uma cabine do CAT (Centro de Atendimento ao Turista), muitas lojinhas de roupas e de souvenirs abertas à noite (porque era uma sexta-feira) e um movimento intenso de pessoas. É também nesta rua que fica a Casa das Tulhas (falarei dela mais adiante).   


Mas fiquei decepcionada quando cheguei ao local da "apresentação" do Bumba-meu-boi (no final da Rua Portugal). Estava acontecendo numa área minúscula no meio da rua, com uma aglomeração de gente ao redor. Mal deu para eu ver a cara do boi. As melhores fotos que a minha máquina tirou foram estas daqui, conseguidas quando um dançarino levantava o boi o máximo que podia e quando eu fazia o mesmo movimento com a minha máquina fotográfica. É claro que não conseguiam dançar naquele espaço minúsculo. Ficavam só se mexendo pra cá e pra lá. Mesmo assim atraíam uma multidão (muito mais locais do que turistas), a maioria segurando uma cerveja na mão que muitos ambulantes vendiam nas ruas.  


Porque eu não conseguia ver nada (praticamente só a cabeça dos dançarinos), meu primeiro contato com o Bumba-meu-boi foi bem frustrante. Ali ficamos somente cerca de quinze minutos, para, pelo menos, ouvir a música, e depois seguimos em direção à Praça Nauro Machado, onde uma outra maifestação folclórica aconteceria em cerca de meia hora: o Tambor de Crioula. 


Centro Histórico de São Luís 


Os trechos das ruas perto da Praça Nauro Machado vão ficando cada vez mais cheias. Aliás, elas ficam lotadas na sexta-feira à noite. É gente que vai para encontrar com amigos, outros (muitos) para beber, outros para namorar, outros para azarar, outros para passar o tempo... Então, é claro que, na muvuca, você precisa ter a atenção redobrada com furtos, apesar de eu ter visto um bom policiamento nesse dia durante à noite, mas somente nesses trechos bem movimentados.   


Rapidinho chegamos à Praça Nauro Machado. O "miolo principal" do centro histórico é pequeno, então chega-se rápido às principais ruas e praças em poucos minutos a pé. Repare a lotação do local.


Na Praça Nauro Machado, vimos o início da apresentação do Tambour de Crioula, que, segundo me informaram na cidade, acontece ali toda sexta-feira. O Tambor de Crioula é "uma dança de origem africana praticada por descendentes de escravos africanos no estado brasileiro do Maranhão, em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. [...] Nos dias atuais a dança pode ser vista com as brincantes vestidas em saias rodadas com estampas em cores vivas, anáguas largas com renda na borda e blusas rendadas e decotadas brancas ou de cor" (Wikipédia). Aqui, já conseguíamos ver o grupo se apresentando, diferente do que aconteceu com o Bumba-meu-boi. Mas a praça estava lotada, ainda bem que ela é espaçosa. Eu gostei de conhecer a dança, pois não tinha a menor ideia de como era. Depois, pesquisando na Wikipédia, vi que ela é muito animada, de ritmo intenso. Mas só assistimos ao início da apresentação porque demorou para começar e já estávamos cansados de ficarmos ali em pé. Além disso, para falar a verdade, achei aquele início um pouco chato. Acho que o melhor viria depois... Então, a última cartada da noite seria o CEPRAMA. Quem sabe o fim da noite seria mais interessante? 


Para chegarmos ao CEPRAMA, pegamos um táxi e em 10 minutinhos já estávamos lá. Aí a história foi BEM diferente. Havia um palco, arquibancada, bastante espaço (tanto para o público quanto para os dançarinos) e belos figurinos e dançarinos. Ali eu realmente pude dizer que assisti à dança do Bumba-meu-boi. Sabe quanto pagamos para assistir? Nada. Entrada franca. O único inconveniente é que tivemos que ter paciência para esperar até o início do show, que teve atraso. Antes estava rolando música ao vivo, mas nós só estávamos ali interessados em ver a dança folclórica.  E então esperamos cerca de uma hora até o grupo do Bumba-meu-boi entrar em cena. Mas valeu a pena. Foi muito bonito. Ainda haveria outras apresentações com o "boi" naquela noite, mas era preciso esperar muito, pois entre um grupo e outro o intervalo sempre era grande. Deu para ver que a "festa" ali iria até bem tarde da noite, mas, como iríamos acordar bem cedo no dia seguinte para viajarmos para Barreirinhas, tivemos de nos despedir "cedo", porém voltamos satisfeitos.

Resumo da ópera (ou melhor, do "Bumba-meu-boi"): Se quiser assistir às melhores apresentações do Bumba-meu-boi, é imprescindível que você se informe no hotel, no Centro de Atendimento ao Turista, na internet e onde mais conseguir, quando, a que horas e onde é que elas vão rolar. Pelo pouco que pude perceber, o lugar da apresentação faz a maior diferença. Como eu fui em meados de julho, eu já estava ciente que só pegaria as sobras mesmo (ainda bem que o CEPRAMA salvou minha noite), mas, na época das festas juninas, dizem que há apresentações lindíssimas, muito animadas e divertidas, e que podem durar até o dia raiar.


Dia 2:
Pontos visitados: Várias ruas do centro histórico (Rua Portugal, Rua da Estrela, Praça Nauro Machado, Rua do Giz etc.); Casa das Tulhas; Igreja Matriz da Sé; Palácios dos Leões; Casa da Festa; Convento das Mercês 

Apesar de termos reservado este dia quase que exclusivamente para o centro histórico de São Luís, não tivemos tempo de fazer todas as visitações internas que eu tinha programado. É que chegamos lá já no início da tarde, e entre uma parada aqui e outra ali, o tempo voa. E muitas atrações no centro histórico fecham por volta das 17:00-17:30. Mas, mesmo assim, conseguimos aproveitar muitas coisas e vou contar aqui pra vocês.



Novamente o motorista (pegamos Ubber) nos deixou perto do Centro de Creatividade Odylo Costa Filho, pois, como já expliquei lá em cima, os carros não podem entrar no "miolo principal" do centro histórico. Sua caminhada pelo centro histórico pode então começar por uma visitação a esse centro cultural, ou então, se tiver pouco tempo, vá direto à Casa do Maranhão, que vale bem mais a pena. Aliás, a Casa do Maranhão foi o museu que mais gostei em São Luís. Ou pode começar pela Casa de Nhozinho, ambos lugares ficam a cerca de dois minutos a pé daqui. 


Nós resolvemos primeiro dar um rolé pelas ruas históricas e apreciar os casarões antigos de fachadas azulejadas, que são o cartão-postal do Centro Histórico de São Luís e da cidade, inclusive. A primeira rua a ser explorada nesse sentido foi a Rua Portugal (esta da foto), que já estava mesmo pertinho de onde o motorista nos tinha deixado. É na Rua Portugal onde fica a Casa de Nhozinho, muitos casarões históricos e muitas lojinhas de artesanato. Repare que as ruas ainda estão enfeitadas das festas juninas e julinas.



Nas lojinhas de artesanato do Centro Histórico de São Luís, você vai achar muitos artigos feitos com a fibra da palmeira do buriti, tais como centros de mesa e chapéus. Vendem também muitas roupas (principalmente saídas de praia), miniaturas do Bumba-meu-boi, indumentária do Bumba-meu-boi, camisetas de reggae, bebidas regionais, azulejos decorados com os casarões típicos do centro histórico e outros souvenirs em geral.

Esta é a Casa de Nhozinho, no número 185 da Rua Portugal. O casarão, de fachada de azulejo colonial, é um museu dedicado àquele que é considerado um dos mais importantes artesãos maranhenses, o "Nhozinho(1904-1974). Esse casarão é do início do século 19 e permanece quase inalterado. Na descrição do "Dia 3", conto mais detalhes deste museu, pois foi quando visitamos seu acervo. 

Ao lado da Casa de Nhozinho fica este outro casarão de azulejos que data de 1829. Os casarões foram revestidos de azulejos pelos portugueses para diminuir o calor dentro deles.  

Centro Histórico de São Luís do Maranhão


É preciso caminhar pelo Centro Histórico de São Luís para observar as fachadas azulejadas e ir se deparando com seus museus.


  


Os azulejos portugueses que decoram as fachadas das casas do centro histórico. 


É na Rua Portugal onde você vai encontrar o maior conjunto de casarões com azulejos coloniais. 


Saindo da Rua Portugal, você vai encontrar a Rua da Estrela, que conta com uma cabine de atendimento ao turista e muitas lojinhas de artesanato. Repare que o centro histórico é todo composto por ruas de paralelepípedo.


Este é o Restaurante Antigamente, na Rua da Estrela. Este foi um dos lugares que o motorista da Ubber nos indicou para almoçar no centro histórico. O outro foi o Cafofinho da Tia Dica. Porém, ele disse que nunca mais tinha voltado ao Restaurante Antigamente, mas afirmou que antigamente (até rimos com a coincidência da palavra) costumava ser muito bom. Então, vale a pena ler os comentários no Tripadvisor para ver se as suas qualidades continuam as mesmas ou se ficaram somente no antigamente mesmo rsrsrs 


Pertinho da Rua da Estrela, fica o Cafofinho da Tia Dica (portinha à esquerda, na foto, ao lado das cadeiras amarelas), na Travessa Marcelino de Almeida. Olhando assim, você não dá nada pelo restaurante, até porque, do lado de fora, não dá para ver como é. Mas, apesar de ser bem pequeno e simples, o restaurante é simpático. E foi lá mesmo que decidimos almoçar; afinal, é o Cafofinho da Tia Dica que detém a fama do melhor restaurante do centro histórico de São Luís. 


Estou em frente ao Cafofinho da Tia Dica. Atrás de mim, está a Praça Nauro Machado (onde assistimos ao Tambor de Crioula), que fica logo depois da Rua da Estrela e da Rua Portugal. Pertinho daqui ficam também a Praça da Faustina e a Rua do Giz. Como eu falei acima, nesse "miolinho" do centro histórico, as ruas ficam bem próximas. Para ir para a Igreja da Sé, o Palácio dos Leões e o Convento das Mercês, por exemplo, é que você tem que andar mais, com direito inclusive a subir e descer algumas ladeiras e, às vezes, escadas. 


Agora já estamos dentro do Cafofinho da Tia Dica. Restaurante pequeno e simples, mas com uma decoração simpática que tem o centro histórico de São Luís como tema. 


Mas o melhor do Cafofinho da Tia Dica é a comida. Pelo menos, o que comemos estava bem saboroso. Eles servem frutos do mar, peixes e comidas regionais tais como arroz de cuxá e carne de sol. Nós pedimos picanha na chapa com fritas, farofa com banana e arroz de cuxá. 


O arroz de cuxá é considerado a comida mais típica do Maranhão e este do Cafofinho da Tia Dica está bem gostosinho. 


Agora, de volta à Rua da Estrela (como falei, é tudo muito perto) e rumo à Casa das Tulhas, que fica nesta mesma rua.

Casa das Tulhas:

A Casa das Tulhas é um mercado muito famoso do centro histórico de São Luís, mas acaba até passando despercebida pela Rua da Estrela, que é onde está uma de suas entradas. Mas se você vir um portão com um arco de metal e a data de 1861, não tenha dúvidas: é lá. A Casa das Tulhas, que também é chamada de Feira da Praia Grande, atrai um grande número de locais e turistas. Mesmo que você não tenha intenção de comprar nada no mercado, vale a pena entrar para conhecer os produtos típicos regionais.

O mercado é bem simples, mas autêntico. No interior dele, você encontra boxes com produtos tais como cachaças (por exemplo, a famosa e fortíssima tiquira, que é um destilado da mandioca), castanhas, ervas, roupas, doces variados (cristalizados, geleia de buriti, geleia de pimenta, doce de cupuaçu etc.), óleo de coco babaçu, e souvenirs em geral, como xícaras com o rótulo do Guaraná Jesus, camisetas "do reggae", miniaturas do Bumba-meu-boi, artigos feitos com a fibra do buriti e azulejos. Eu só não encontrei frutas na Casa das Tulhas. É que eu estava querendo muito ver pessoalmente as frutas regionais que ainda fossem novidades para mim. Quando perguntei a um feirante sobre as frutas, ele me respondeu que eu só as encontraria no Mercado Central, que ficava perto dali, mas que, àquela hora, ele não aconselharia ir porque o caminho para lá ficava perigoso (risco de assaltos). Ou seja, perto o sufiente para se chegar a pé (10 minutos), mas longe o bastante para ser perigoso. Então, não fui. É bom lembrar que muitos turistas não gostam de ir ao Mercado Central de São Luís, independente do horário, por acharem a área "feia".


Entrada da Casa das Tulhas (Feira da Praia Grande), na Rua da Estrela. Pode passar despercebida ao lado de tantas lojinhas de artesanato. O mercado fica no pátio interno de um edifício. 


Na Casa das Tulhas, você encontra diversos tipos de cachaça, como a tiquira e a cachaça com caju, por exemplo. Mas as que chamam mais a atenção são aquelas artesanais com um caranguejo dentro. Que coisa esquisita! Como eles preparam essas garrafas? E por que colocam o coitado do caranguejo? 


Muitas lembrancinhas na Casa das Tulhas para você levar um pedacinho do Maranhão com você.


Também vendem roupas informais na Casa das Tulhas e merecem destaque as camisetas do reggae com o rosto do Bob Marley (à esquerda na foto). São Luís é apelidada de Jamaica Brasileira e Ilha do Reggae. 

E, depois de passarmos pela Casa das Tulhas, voltamos a bater pernas pelas ruas históricas do centro de São Luís.


Centro histórico de São Luís do Maranhão 


Rua do Trapiche, no centro histórico de São Luís.


Centro histórico de São Luís: um Patrimônio do Mundo.


Apesar do aspecto geral do centro histórico de São Luís ser de descaso por parte dos governantes, ele é Patrimônio da Humanidade.


Rua da Alfândega. Do lado esquerdo, as lojinhas que vendem roupas e artesanato. Do lado direito, as barraquinhas de rua que vendem principalmente comida. Seguindo esta rua, vamos de encontro à Praça Nauro Machado.


E a partir da Praça Nauro Machado, você já está pertinho desta outra praca aqui, a Praça da Faustina. Fica de frente para a famosa Rua do Giz, que conta com museus e bares. 


De um lado da Rua do Giz, você tem uma ladeira que leva, por exemplo, ao Convento das Mercês (7 minutos caminhando). Aqui, você já tem que ficar "mais ligado", principalmente a partir das 17 horas. Mais no finalzinho desta rua, você pode encontrar algumas pessoas drogadas perambulando, que podem cometer roubos. Assim me informou o segurança de uma das lojas da Rua do Giz. Foi aquilo que falei acima, quanto mais distante das redondezas da Rua Portugal você vai ficando, mais cautela você tem que ter porque as ruas vão ficando cada vez mais desertas e com bem menos (às vezes nenhum) policiamento. Mesmo em época de muitos turistas na cidade.


Já do outro lado da Rua do Giz, você encontra uma escadaria. Deixe a preguiça de lado e suba. Você terá uma vista interessante da Rua do Giz lá de cima e estará no caminho para a Igreja da Sé.


Aqui, o Restaurante Escola Senac, fotografado já depois de termos subido a escadaria da Rua do Giz. O restaurante oferece vários pratos típicos e tem comentários muito bons no Tripadvisor. Se eu tivesse a oportunidade de almoçar mais uma vez no centro histórico, este restaurante seria minha opção.


Rua do Giz - Centro Histórico de São Luís.


Igreja Matriz da Sé:

A partir da escadaria da Rua do Giz, em poucos minutos você chega à Igreja da Sé (a Catedral de São Luís/Catedral Metropolitana). Em frente à igreja, há uma loja onde fica a "Central de Informações Turísticas". Se tiver alguma dúvida em relação ao seu roteiro ou programação cultural, entre. As atendentes foram muito simpáticas comigo. Depois, é claro, não deixe de conferir de perto o belo interior da igreja.  


A Igreja Matriz da Sé foi construída pelos padres jesuítas em homenagem à Nossa Senhora da Vitória, protetora dos portugueses na batalha contra o exército francês no Maranhão. A igreja começou a ser construída em 1620, mas já passou por muitas modificações.


Igreja da Sé - São Luís do Maranhão (Centro Histórico)


O altar-mor da Igreja da Sé, todo revestido em ouro, é Patrimônio Histórico. 


Depois da Igreja da Sé, você logo encontra o bonito prédio do Palácio da Justiça, em seguida a Prefeitura Municipal e, finalmente, o mais esperado, o elegante Palácio dos Leões, antigo Forte de São Luís do Maranhão.

Fórum Palácio da Justiça Clóvis Bevilacoua

Prefeitura Municipal de São Luis do Maranhão (Palácio La Ravardière), ao lado do Palácio dos Leões.

Palácio dos Leões:


Uma visita que você não pode deixar de fazer no Centro Histórico de São Luís é ao Palácio dos Leões, pois é a construção mais imponente da cidade e porque é a sede do governo do estado do Maranhão. É um dos maiores símbolos do estado. Sua construção é do século XVII (foi erguida em 1612), mas já passou por muitas reformas e modificações, tendo sido inicialmente um forte construído pelos franceses (Fortaleza de São Luís). Lembre-se de que São Luís é a única cidade brasileira fundada pelos franceses. 

Vale a pena fazer a visitação interna do palácio, apesar de ser bem breve. Dura cerca de 15 minutos, pois ela é bem limitada. Apenas alguns salões nobres são abertos à visitação, que é sempre acompanhada por um guia. Não é permitido fotografar o interior do palácio. Se eu não me engano, a visitação estava acontecendo de terça a sábado, de 14:00 às 17:30, mas era julho, quando o fluxo de turistas na cidade é maior. Li que o palácio costuma abrir para visitas somente três dias na semana, então é bom se informar antes de ir para não correr o risco de ir num dia ou horário errado. A visitação é gratuita.

Em frente à antiga fortaleza (Palácio dos Leões), que foi transformada em palácio pelos portugueses. Foi aqui que São Luis foi fundada.


O Palácio dos Leões fica na parte alta do centro histórico. Então, de lá, é possível ter esta vista. 


Ao lado do Palácio dos Leões, temos esta vista para a Baía de São Marcos. Uma localização estratégica no período das invasões.

Depois do Palácio dos Leões, fizemos o caminho de volta. Eu já tinha feito uma lista das visitações internas que eu mais gostaria de fazer, então, como ainda sobrava um tempinho naquela tarde, fomos direto para a Casa da Festa. Passamos novamente pela Rua do Giz e tive vontade de entrar no Centro de Pesquisa e História Natural e Arqueologia do Maranhão, mas não daria tempo de fazer tudo, já que a maioria das atrações fecham por volta das 17:00 no centro histórico. E, mais uma vez, ao perguntar a um segurança sobre a localização de uma atração (desta vez, a Casa da Festa), fui orientada a tomar cuidado na rua (Rua do Giz) até chegar lá (risco de assaltos). 

  
Na escadaria da Rua do Giz, agora indo em direção à Casa da Festa, que fica na mesma rua.


Centro de Pesquisa e História Natural e Arqueologia do Maranhão, na Rua do Giz.

Casa da Festa:

A visitação à Casa da Festa (Centro de Cultura Popular Domingo Vieira Filho) expõe objetos e roupas típicos utilizados em rituais festivos e religiosos maranhenses, como, por exemplo, o Tambor de Crioula e a Festa do Divino. O museu é relativamente pequeno, então dá para encaixá-lo perfeitamente no roteiro.

A Casa da Festa é um museu. Fica na Rua do Giz 221. A visitação é gratuita. 


Exposições de objetos e vestimentas dos típicos rituais festivos do Maranhão podem ser vistos na Casa da Festa.

Casa da Festa - São Luís do Maranhão


Convento das Mercês:


O Convento das Mercês é um dos principais pontos turísticos de São Luís, sendo um dos motivos o fato de ser Um dos Sete Tesouros do Patrimônio Cultural Material de São Luís. O prédio, que fica no bairro Desterro, começou a ser construído em 1654 e foi fundado pelo Padre Antonio Vieira. É claro que já passou por uma grande reforma. Hoje em dia o Convento das Mercês funciona como um grande espaço cultural, onde estão, por exemplo, o Memorial José Sarney e o Museu da Memória Republicana. Mas o Convento das Mercês tem outras funções também. Como o prédio dispõe de auditórios e um bom espaço em seu pátio interno e ao seu redor, frequentemente recebe exposições de arte, apresentações de bandas, cerimônias, entre outros eventos. E mais: é palco de arraiais que se estendem até julho, o São João fora de época, mas totalmente dentro das expectativas dos turistas que nem sempre podem viajar em junho, mês das melhores festas de São João no Maranhão. Mas, para não perder esses arraiais, é preciso ficar ligado na programação das festas de São Luís, que geralmente disponibilizam na internet. O Convento das Mercês é somente um dos lugares que recebem tais festejos.

Infelizmente chegamos ao Convento das Mercês já no finalzinho da tarde, então seus acervos já estavam fechados para visitação. Só podemos observar a arquitetura do prédio e a bonita vista para o rio Bacanga. 

O Convento das Mercês foi erguido em 1654 para abrigar a Ordem dos Mercedários. É sede da Fundação da Memória Republicana Brasileira e abriga um dos mais importantes acervos da história contemporânea do Brasil. 


Do pátio externo do Convento das Mercês, a bonita vista para o rio Bacanga.


Aqui, no pátio interno do Convento das Mercês, rolam shows e diferentes eventos culturais.


A arquitetura do Convento das Mercês é bem interessante. No pátio interno, há um atrativo tão antigo quanto a sua construção: o poço que até hoje abastece a casa (ao fundo, na foto).


As barracas no pátio externo do Convento das Mercês sinalizavam que os arraiais em São Luís se esticam até julho (mês em que visitamos a cidade).  


Depois do Convento das Mercês, já não dava mais para fazer nenhuma visitação pela região, mas era um ótimo horário para tomar um cafezinho e o lugar que mais gostamos no centro histórico para isso foi o Buriteco Café. Ele fica bem em frente ao Museu do Nhozinho.

Dia 3:

Pontos visitados: Pedra da Memória, Casa do Maranhão, Theatro Arthur Azevedo, Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Casa de Nhozinho

Depois de termos aproveitado a manhã e o início da tarde nas praias de São Luís, voltamos mais uma vez ao Centro Histórico. Afinal, ainda faltava conhecermos lugares importantes, como a Casa do Maranhão e o Teatro Arthur Azevedo. Então, da orla da praia, pegamos um Ubber até o centro histórico, mas pedi para o motorista nos deixar na Avenida Beira Mar, em frente à muralha do Palácio dos Leões, onde está localizado a Pedra da Memória, pois eu tinha passado por ali de carro e gostado muito da vista da baía.


O monumento Pedra da Memória, na Avenida Beira Mar, em frente à muralha do Palácio dos Leões. O obelisco foi construído em 1841 para homenagear a maioridade do imperador D. Pedro II. Originalmente ficava no Campo do Ourique.


Vista da Baía de São Marcos e da Ponte José Sarney (também chamada de Ponte do São Francisco), que dá acesso ao Centro Histórico (liga a parte nova à parte velha da cidade). Quando a maré sobe, só vemos a água aqui embaixo. A água vem e cobre toda a areia, depois recua. Um fenômeno que acontece quatro vezes por dia (a maré duas vezes vindo e duas vezes voltando), de seis em seis horas, todos os dias, em São Luís. Depois daqui, andamos até a Casa do Maranhão, que fica a somente cerca de cinco minutinhos de caminhada.


Casa do Maranhão:

Entrar na Casa do Maranhão é mergulhar na história da formação cultural do estado. Cada sala é um aprendizado. Através de textos, fotos e objetos, o visitante descobre interessantes fatos sobre a riqueza cultural do Maranhão. Aprende, por exemplo, sobre a influência francesa no estado, as embarcações que navegaram por seus mares, o artesanato (o trançado, por exemplo), a gastronomia, os azulejos, a origem do reggae no estado, as lendas, as festas folclóricas etc. 

O museu é grande e bem informativo, o que quer dizer que não dá para passar por ele com pressa. Mas também não é preciso, a não ser que se queira, dedicar cada minuto do seu tempo em todas as exposições. Deve-se passar por todas, mas focar naquelas que lhe são mais interessantes é o melhor a ser feito. Assim, dá para realizar a  visita em torno de 50 minutos. Afinal de contas, há outros museus do lado de fora lhe esperando também :-)

De todos os museus do centro histório de São Luís que visitei, a Casa do Maranhão foi o que mais gostei. Não somente por causa do tamanho do seu acervo, mas também por causa do colorido deixado nas salas pelas exposições das festas folclóricas. Nestas, o Bumba-meu-boi era destaque. O material escrito nos painéis da casa também me chamaram a atenção pela diversidade de temas. Confesso que não tive tempo de ler tudo. Alguns painéis eu fotografei para depois ler com calma em casa. Foi assim que, numa das lições de casa, aprendi que o Maranhão é formado pela miscigenação entre europeus, índios e africanos. E que esse é o estado com o maior número de comunidades remanescentes de quilombos do país, somando mais de 900 comunidades.

A entrada à Casa do Maranhão é franca. O horário de funcionamento é de terça a sábado, das 09:00 às 17:00, e aos domingos das 09:00 às 13:00 (melhor sempre reconfirmar na época da visita).


Painéis ilustrados com textos e fotos estão por toda parte na Casa do Maranhão.


Maquete da Casa do Maranhão.


Paredes coloridas e ilustradas no interior da Casa do Maranhão.


Uma das amostras do artesanato, mostrando a riqueza cultural do estado.


O Cazumbá, personagem do Bumba-meu-boi. Nem homem, nem mulher. Então, o que é? Também não é animal. Ou seja, um ser cercado de magia.


Altar do Divino Espírito Santo, na Casa do Maranhão.


As exposições das festas folclóricas do estado ocupam um espaço grande na Casa do Maranhão. E são bem interessantes. Aqui vemos, da esquerda para a direita, o Pai Francisco, o Bumba-meu-boi, e a Catirina.


À esquerda, o percussionista. À direita, a Coreira.


A festa folclórica Bumba-meu-boi é a que se destaque nas exposições da Casa do Maranhão.


O Bumba-meu-boi é Patrimônio Cultural Brasileiro.


Vista que se tem da Casa do Maranhão.


Da Casa do Maranhão, avistamos o Cais da Praia Grande.


O salão alegre da Casa do Maranhão.

Bar do Nelson:

Uma das coisas que eu li na Casa do Maranhão é que as músicas que fizeram sucesso há décadas na Jamaica ainda estão presentes nas festas de reggae do Maranhão, e que nas casas noturnas e rádios, o Reggae de Raíz é predominante, que é "um reggae cadenciado e lento, dançado bem juntinho pelos casais." Se você gosta desse tipo de reggae, então pode ser que queira ir ao local mais autêntico de São Luís para aproveitar a night nesse estilo: o Bar do Nelson. Mas, antes, sugiro que você pesquise no YouTube como é o reggae na Casa do Nelson para ver se a balada vai ser sua praia. Digo isso porque o local fica lotado! Nós não chegamos a presenciar a noite de reggae na casa porque fui desestimulada pelo próprio funcionário de lá. É que eu tinha entrado no Bar do Nelson da Praia do Calhau, ainda de manhã (quando não abre para o público), interessada em voltar ali à noite para curtir o reggae. Pude ver que o espaço é bem pequeno e beeemmm simples. Tem que ir sem frescuras. Estive lá para pedir informações. O homem repetiu para mim umas seis vezes: "É casa lotada!", como quem perguntasse, "Vai encarar?" Achei a situação até cômica e saí de lá rindo.   


Há duas casas do Bar do Nelson em São Luís: na Praia do Calhau e aqui, no Centro Histórico. A Casa do Maranhão fica de frente para esta praça e do lado do Bar do Nelson (o prédio amarelo). Como falei acima, não chegamos a curtir o reggae dentro da casa, mas passamos em frente a esta praça numa sexta-feira à noite. Estava repleta de mesas e cadeiras. Todas bem juntinhas e lotadas! Se quiser sentar, chegue bem cedo! Se a praça estava lotada, imagina dentro do bar. Eu queria ter entrado; afinal, eu queria "sentir" por que São Luís é a Jamaica brasileira. Mas já chegamos aqui com o local lotado.


Teatro Arthur Azevedo:

O Teatro Arthur Azevedo começou a ser erguido pelos comerciantes portugueses em 1816. De estilo neoclássico, é um dos principais pontos turísticos do centro histórico de São Luís não somente por seu valor histórico como também pela sua arquitetura. Dizem que seu interior é bem mais bonito do que sua fachada, e as fotos que vi na internet confirmam.  Nossa intenção era fazer uma visita guiada. Corremos para chegar ao teatro antes das 17:00, quando se encerram as visitas, mas fomos surpreendidos com a notícia de que estava fechado para reformas. Uma pena. Vale lembrar que o teatro está numa região um pouco afastada da Rua Portugal, portanto é preciso estar atento porque há relatos de roubos por ali, principalmente a partir do finalzinho da tarde. Aconselho visitá-lo o mais cedo possível, quando a rua está mais movimentada. O teatro fica na Rua do Sol 180. 

Fachada do Teatro Arthur Azevedo. Fechado para reforma no dia de nossa visita.

Voltando do Teatro Arthur Azevedo, passamos pela Praça João Lisboa. A praça é simpática, mas me pareceu um pouco abandonada e deserta. Portanto, não deve ser um lugar para você visitar quando escurece o dia. 


Praça João Lisboa. No centro, a estátua de João Francisco Lisboa, homenagem da Academia Brasileira de Letras. 

Igreja de Nossa Senhora do Carmo: 

Em frente à Praça João Lisboa, está a Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Ela é uma das igrejas mais antigas de São Luís, com predomínio do estilo barroco. O início de sua construção deu-se em 1627. A igreja já serviu de forte para combates contra os holandeses. Resolvemos não visitar o interior da igreja porque ainda queríamos chegar a tempo de encontrarmos a Igreja de São José do Desterro aberta, que é uma das atrações principais do centro histórico, pois é possivelmente a igreja mais antiga de São Luís (ou seja, a primeira igreja da cidade), podendo datar de 1618, segundo a Wikipedia.

A comprida fachada da Igreja de Nossa Senhora do Carmo chama a atenção.   

Então, se nós partimos para visitar a Igreja de São José do Desterro, por que não mostro aqui nenhuma foto dela? Porque desistimos por causa da insegurança na região. Perguntei a um rapaz que trabalhava numa lanchonete bem simples em frente à Praça João Lisboa se a Igreja do Desterro estava longe. Ele disse que sim (mas depois vi que estava só a 10 minutos dali a pé) e que era melhor pegarmos um táxi porque andando até lá iríamos passar por cerca de oito bocas de fumo (de crack) e que era perigoso. E olha que nem era tão tarde assim, aproximadamente 16:30. Bem em frente à Igreja do Carmo, há um ponto de táxi. Poderíamos ter pego um táxi, a corrida sairia barata até a Igreja do Desterro, mas ficamos tão tristes com aquela informação que desistimos de ir. Realmente, a região da Praça João Lisboa tem um aspecto "feio", de descuido, e mais adiante parece ficar pior. Resolvemos voltar a pé para a Rua Portugal e visitar o que ainda faltava, como a Casa de Nhozinho. Para não dizer que não chegamos a ver a Igreja do Desterro, no caminho para o aeroporto a avistamos de longe. Então, minha sugestão é que você vá a Igreja do Desterro cedo e de táxi. 


Voltando para a Rua Portugal. Esta é uma das ruelas típicas do centro histórico de São Luís (na região mais afastada da Rua Portugal), com casarões antigos e escadarias.

Casa de Nhozinho:

A Casa de Nhozinho é um museu que homenageia o rico trabalho do importante artesão maranhense Antônio Bruno Pinto Nogueira (1904-1974). Ele desenvolveu importantes técnicas na talha do buriti e em miniaturas. Aliás, ele é reconhecido como o pioneiro em representar a festa Bumba-meu-boi em miniatura. O artesão também confeccionava rodas de boi feitas de buriti. Na Casa de Nhozinho, você verá artesanatos criados por esse mestre e cartazes contando a história dele. Lamentavelmente uma história triste. Ele sofria de uma doença degenerativa, o que lhe causou deformações físicas, inclusive a cegueira de um olho. Mas, apesar das limitações, que obviamente afetaram seu trabalho, Nhozinho continuou confeccionando e desenvolvendo importantes técnicas na madeira até os 70 anos, quando morreu.

Apesar da Casa de Nhozinho ser uma homenagem ao artesão, seu acervo também reúne objetos em geral da cultura material maranhense e, portanto, de diferentes artistas maranhenses. Por exemplo, no primeiro piso, há uma interessante exposição com miniaturas de embarcações típicas do Maranhão. O museu tem três andares e o último é que é dedicado aos trabalhos de Nhozinho.


Mostro aqui apenas algumas imagens do acervo da Casa de Nhozinho, que conta com exposições permanentes e temporárias. Depois da Casa do Maranhão, este museu foi o que mais gostei do Centro Histórico. Principalmente porque eu não conhecia o Nhozinho. Fiquei muito comovida com sua história e com o tamanho de seu talento.  

A visitação na Casa de Nhozinho é gratuita e guiada. O museu fica na Rua Portugal 185. Funciona de 3ª a sábado, das 9:00 às 17:30, e aos domingos, das 9:00 às 12:30 (mas antes de ir, é sempre bom confirmar os horários porque pode haver mudanças).


O primeiro piso na Casa de Nhozinho recebe o visitante com uma exposição que mostra embarcações históricas, tais como as primeiras caravelas portuguesas e canoas utilizadas pelos indígenas.

Bonecos gigantes em exposição na Casa de Nhozinho, que representam a cultura do estado. O maranhense Beto Bittencourt é uma referência no gênero teatral de bonecos. Bonequeiro, circense e ator, Beto viveu a maior parte de sua vida em São Luís dedicando-se para o teatro (montou vários espetáculos) e para os bonecos, os quais ganhavam personalidades e tinham por objetivo divertir os espectadores.

Aqui, um espaço na Casa de Nhozinho, com objetos representativos da cultura do Maranhão feitos com a carnaúba.


Foto do querido Nhozinho, que trabalhou até morrer apesar de sua séria doença.


No terceiro andar da Casa de Nhozinho, encontramos exposições com os objetos confeccionados pelo artista, como as interessantes rodas de boi.


Uma escultura do Nhozinho em tamanho real, representando o artesão com as pernas amputadas e a deficiência na visão devido à sua doença. Está no terceiro piso da Casa de Nhozinho.


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É muito difícil eu não me divertir em cada cidade que visito porque todas têm seus atrativos. Eu adorei São Luís, das praias ao centro histórico, apesar dos problemas que tem, como o Rio de Janeiro, onde vivo. Sei que há muitas críticas ao Centro Histórico de São Luís, ao descaso do governo ao Patrimônio Mundial, e eu concordo. Mas, apesar disso, apesar das inúmeras recomendações que eu ouvi dos próprios locais sobre a insegurança na região, o centro histórico dessa cidade vale demais a visita do turista. É só andar na região com prudência, se informar para não entrar em furada, e não perambular por ali à noite (a partir das 16:30, já fomos recomendados a ter cuidado nas ruas mais distantes da Rua Portugal). Do resto, é só usufruir das belezas daquele Patrimônio, porque toda a sua riqueza cultural e histórica tão peculiar, isso ninguém pode roubar. Entretanto, é preciso um esforço do Poder Público e dos proprietários dos imóveis (creio que deva ser assim) para que a cidade nunca corra o risco de perder o título tão importante e difícil de obter de Patrimônio Cultural da Humanidade.



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