PARQUE DOS FALCÕES: AVES QUE MERECEM SUA VISITA EM UMA VIAGEM A SERGIPE

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Você já ouviu falar sobre o "encantador de falcões" brasileiro chamado José Percílio? Não? Então muito provavelmente você também não ouviu falar a respeito do Parque dos Falcões, situado no sertão do estado de Sergipe. Nesse caso, vamos começar entendendo o que é esse parque, o que ele abriga (não são só falcões) e como é o ofício de Percílio. 

O Parque dos Falcões fica no município de Itabaiana, a cerca de 50 km de Aracaju, a capital de Sergipe. Além dos falcões, o instituto abriga gaviões, corujas, carcarás e urubus. É um centro de criação e preservação dessas aves. Em outras palavras, podemos dizer que o parque cuida de aves de rapina, que são justamente essas espécies citadas, aves carnívoras que possuem garras afiadas, entre outras características. O Parque dos Falcões, que funciona num sítio relativamente simples, é um dos poucos lugares do Brasil com autorização do IBAMA para a criação de aves de rapina. 

O encantador de falcões é José Percílio, um apaixonado por aves que ganhou notoriedade inclusive internacionalmente pelo seu talento em domar as aves de rapina e pelo conhecimento que adquiriu a respeito do comportamento delas. Muitas de suas aves são usadas em filmes e Percílio já se apresentou em diversos programas de televisão e até de uma filmagem para o Japão. Se você pensa que Percílio gosta de fama, está enganado. Apesar de frequentemente receber convites para participar de projetos fora de seu estado ou país, Percílio diz que não gosta de se afastar das suas aves. Conforme o próprio encantador de falcões diz, ele vive para elas. 

O amor pelas aves começou quando Percílio, aos 7 anos de idade, ganhou um ovo de falcão (da espécie carcará) do qual nasceu Tito, que se tornou seu grande amigo. Nasceu na mão dele. Segundo o domador, foi Tito quem lhe ensinou tudo sobre as aves de rapina, pois ele ficava observando o comportamento de Tito  com os outros pássaros. Aprendeu a linguagem das aves se comunicando e convivendo com elas. Aprendeu, por exemplo, que elas também têm sentimentos, são muito inteligentes e capazes de proteger aqueles de quem gostam. Ele conta que um dia um falcão lhe ajudou a se defender de um ataque de abelhas e por isso percebeu que podia treiná-los para sua defesa pessoal.  

O amor e a dedicação às aves levaram o adestrador Percílio a fundar o Parque dos Falcões em 2000 num sítio comprado por ele mesmo. Desde então, o parque faz um trabalho de preservação, recuperação e treinamento de aves de rapina do Brasil. Muitas aves chegam ao parque pelas mãos da Polícia Ambiental maltratadas, machucadas (com tiro de chumbinho, por exemplo) ou mutiladas (sem uma das asas, por exemplo) e muitas delas conseguem voltar à natureza depois de passarem pelos cuidados do instituto. Eles têm autorização do IBAMA para manter as aves em cativeiro, aliás o Parque dos Falcões, que conta com a ajuda de voluntários, faz trabalho de reprodução em cativeiro. Hoje eles têm mais de 300 aves. 

Numa visita ao Parque dos Falcões, você poderá ouvir as explicações sobre as aves de rapina transmitidas pelo José Percílio ou por seu assistente Alexandre Correia, outro mestre no assunto. Alexandre, que também é treinador de aves, ajudou a fundar o Parque dos Falcões. Seus conhecimentos sobre as aves impressiona e faz com que a gente se interesse cada vez mais em aprender sobre o comportamento delas e suas atividades. E isso eu posso falar por experiência própria. Afinal foi o próprio Alexandre que nos recebeu neste dia de visita ao Parque dos Falcões, numa tarde de janeiro. Ele foi de gaiola em gaiola apresentando cada ave (falcões, urubus, corujas etc.) e dando vários tipos de explicações, por exemplo, por que aquela espécie tem aquele tipo de bico, qual velocidade consegue atingir num voo, como consegue se proteger diante de uma presa, por que o urubu é uma das aves mais limpas que existem (ao contrário do que muitos pensam!), por que aquela espécie de coruja fica coladinha uma na outra formando um grupo (Ficou curioso? O motivo é bem interessante), por que os gaviões movem a cabeça daquela forma (parece uma dança indiana rsrsr) e por aí vai. Ele também contou histórias tristes de maldades que pessoas cometem contra as corujas por pura superstição! Deu uma peninha delas... Aliás, deu uma peninha também saber que todas aquelas aves estavam ali enjauladas porque tinham sido de alguma forma maltratadas ou humanizadas e por isso sofriam sérios problemas "psicológicos". 

Enfim, aprendi muita coisa interessante sobre as aves de rapina e eu, que nem ligava muito para elas, passei a admirá-las. Mas não fique achando que uma visita ao Parque dos Falcões é uma aula chata. "Aula" é; "chata" não. Muito pelo contrário. A visita dura cerca de uma hora (sem contar o vídeo que é apresentado) e você nem vê o tempo passar. No final, fica com gostinho de "quero mais", porém, só para você não ficar triste, tem a oportunidade de posar para fotos segurando algumas aves (no dia de nossa visita, foram duas corujas e um falcão) que foram treinadas para amizade com pessoas. Essa é a parte mais divertida da visita! Especialmente segurar uma coruja (um murucutu) enorme!

Vale dizer também que você pode tirar suas dúvidas enquanto o treinador dá suas explicações, o que torna a "aula" muito mais interessante. Até crianças gostam de participar, conforme pude constatar durante nossa visita. Eu mesma fiz algumas perguntas e voltei para casa com várias outras. Fiquei me lamentando por na hora não ter me lembrado de perguntar por que dizemos "mãe/pai etc coruja" e por que essa ave é o símbolo do professor/da sabedoria. Mas descobri depois na internet. Falando nelas, nas corujas, foram delas que eu mais gostei. Elas são muito interessantes, intrigantes e lindinhas. Até voltei para casa com vontade de ter uma rsrsrs Gostei mais de uma espécie que fica com os olhos arregalados te olhando de uma forma hipnotizante e que parece que não pisca nunca!    


A única coisa que me decepcionou nessa visita foi o fato de eu não ter visto um "showzinho" com algumas das aves. É que antes de ir lá, eu tinha visto na internet o mesmo vídeo que eles apresentam no auditório, no qual aparece Percílio manejando um falcão, comandando-o com um apito, num trabalho de exercício físico para o animal, que precisa manter a forma. Bem, pelo menos, naquele dia e horário de visita (às 14:00), não aconteceu. Se você fizer questão de ver uma exibição desse tipo, sugiro que antes de agendar sua visita, você ligue para o parque e se informe se há determinado dia ou horário para tal. Também voltei triste por não ter tido a oportunidade de conhecer Percílio pessoalmente, pois passei a admirá-lo muito depois que eu li sobre seu trabalho. Mas naquela hora ele estava "escondido" alimentando as aves e, segundo um dos treinadores do parque, ele morreria de vergonha se aparecesse todo sujo de sangue de galinha rsrsrs 

Logo após termos comprado os ingressos no local, tivemos que ficar esperando alguns minutos até dar a hora da visita para primeiramente assistirmos ao vídeo de introdução. Mas, curiosa do jeito que sou, dei uma espiada na entrada do parque, após a área da bilheteria, para tirar minhas primeiras conclusões. Eis que eu vejo à direita uma ave em cima de um muro que na hora me disseram ser o "segurança" da casa. Segundo Percílio conta no vídeo, qualquer um que tentar entrar no parque sem avisar "leva cascudo". O cascudo é uma bicada do "segurança" na cabeça do intruso. Bem, eu resolvi não arriscar rsrsrs Sobre o que vimos depois, eu mostro abaixo!



A visita ao Parque dos Falcões começa com a exibição de um vídeo explicativo (esse aqui) em seu pequeno auditório. Aqui há também uma pequena loja de souvenirs


Depois um dos treinadores do parque (na nossa visita, o Alexandre) passa de gaiola em gaiola dando as explicações sobre cada ave. 


Um Urubu-rei. Esta ave assim como muitas outras do Parque dos Falcões passam por um processo de reabilitação. As aves de rapina são espécies ariscas, por isso este urubu, por exemplo, jamais estaria perto, olhando assim para a gente se fosse "normal", segundo Alexandre. Não me lembro por qual tipo de mau-trato este urubu passou, mas o fato é que ele tem distúrbios comportamentais.


Este é um Gavião Pernilongo, também com problemas comportamentais. Parque dos Falcões, Sergipe. 


O bonito e desconfiado Gavião de Rabo Branco. Parque dos Falcões - Sergipe.



Essa é uma das espécies de coruja no Parque dos Falcões, o Murucutu. Existem diferentes tipos de corujas no Parque dos Falcões.



A valente águia querendo dizer que ali é ela quem manda - Parque dos Falcões. Segundo Alexandre, águia e gavião são a mesma coisa, mas as pessoas costumam diferenciá-los por causa do tamanho.



O Parque dos Falcões fica na Serra de Itabaiana, em Sergipe. 



Olha outra espécie de coruja aqui! As corujas sofrem muito com maus-tratos e mutilações por causa de superstições.



Este carcará (seria este o "segurança" do parque?) estava solto no parque, mas acho que se estressou um pouco com o movimento dos visitantes perto dele porque ele emitiu um determinado som que o Alexandre logo entendeu que o bicho estava pronto para ficar agressivo. 



Os carcarás do Parque dos Falcões.



Parque dos Falcões, Itabaiana - Sergipe. 



Estes falcões ficam nos tocos de madeira, presos por uma cordinha. São treinados para fazer serviços em empresas, como, por exemplo, controlar população de outras aves.



Um urubu preto e um urubu branco. Acho que eu nunca tinha visto um urubu branco na minha vida.



O treinador Alexandre conversando com o grupo de visitantes sobre as aves.



Este é o Falcão de Coleira. Muitos se decepcionam ao verem o tamanho dos falcões. Eles são as menores aves de rapina, mas seus bicos são muito fortes e são usados para matar a presa.



Mais uma espécie de coruja que nos foi apresentada no Parque dos Falcões.



Um dos carcarás do Parque dos Falcões - Sergipe.



A melhor parte da visita ao Parque dos Falcões foi esta: segurar três aves de rapina. O treinador explica de que forma você deve ficar com a mão enquanto ele segura a ave com uma cordinha. Ele fala que você pode fazer carinho na ave e até colocá-la coladinha no seu rosto. Eu fiz tudo isso. Adorei!  



Todo mundo quer ter a oportunidade de segurar as aves, então a experiência de cada um é por pouco tempo, só mesmo para tirar fotos como esta, ao lado de uma corujinha.  



É claro que um falcão não poderia ficar de fora desta cena! 



Parque dos Falcões, Sergipe.



Mas a grande sensação mesmo foi segurar esta enorme coruja, um murucutu. Eu senti suas garras bem afiadas na minha mão, mas não precisa ter medo porque elas não chegam a machucar, mas você fica por alguns segundos com a marquinha delas na sua mão rsrsrs



Esta mão que aparece no canto esquerdo da foto é a do treinador, que fica segurando a ave com uma cordinha enquanto você posa com ela. Aqui termina a visita ao Parque dos Falcões. 



Parque dos Falcões - Sergipe.



Parque dos Falcões - Sergipe.


Vá ao Parque dos Falcões se você gosta de aves ou de animais em geral. Pena que fica um pouco longe de Aracaju, mas chega-se de carro em aproximadamente 45 minutos. O traslado ao Parque dos Falcões é um dos muitos passeios oferecidos pelas agências de turismo da capital sergipana. Em janeiro de 2016, estavam cobrando em média R$80,00 por pessoa, mas isso só o trajeto de ida e volta, geralmente numa van. O ingresso do parque é pago à parte (R$25,00 na época). Entretanto, eu e meu marido fomos de modo privativo contratando um motorista de táxi (o mesmo que nos levou à Praia do Saco), que nos cobrou R$180,00 (ida e volta; o taxista ficou esperando o término da visita). Achei o valor razoável, pois, se fôssemos com agência, economizaríamos somente R$20,00, o que com certeza já pagou pelo tempo em que não precisamos ficar esperando todos os turistas embarcarem e desembarcarem da van, já que a agência para no hotel de cada um. Mas o motivo principal de termos ido ao Parque dos Falcões de tour privativo foi o meu objetivo de poder juntar num único dia a ida à Crôa do Goré (um dos clássicos passeios turísticos em Aracaju) e ao parque. Como passamos poucos dias na capital de Sergipe, precisei fazer algumas combinações de passeios que pudessem ser encaixados num único dia. Pagamos um pouco mais caro por essas combinações, mas valeu a pena. Isso foi bom também para economizar na hospedagem, pois não precisamos esticar nossa estada em Aracaju para realizar todos os passeios.

Naquele horário de visita, às 14:00, estava muito tranquilo no parque. Fomos os primeiros a chegar e achei que iríamos ser os únicos, mas depois chegou uma família com algumas crianças. Concluí que o parque não tem tanta reputação entre os turistas como mereceria ter, talvez porque saia um pouco caro para uma visita de somente cerca de uma hora (R$80,00 de traslado + R$25,00 de ingresso = R$105,00 por pessoa). Porém, o taxista me explicou que as visitas ocorrem mais na parte da manhã (há dois horários de visitação, de manhã e à tarde), quando comparecem também muitos estudantes de escolas em excursão. Então, se quiser mais tranquilidade, vá no horário da tarde, mas talvez na parte da manhã aconteça algum treinamento com as aves para o público.  Nada como se informar com a própria instituição através de seu site ou telefone na época de sua visita. O Parque dos Falcões, que também oferece passeio orientado por trilhas no Parque Nacional Serra de Itabaiana, solicita que as visitas sejam agendadas por telefone. Liguei uns dias antes e não tive problemas para agendar a visita. Entretanto, por e-mail, eles nem me responderam. Então fique sabendo que é preciso ligar.

Não deixe de entrar no site do Parque dos Falcões para ter mais informações sobre o trabalho deles. 


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